"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 2 de março de 2016

ROQUE OU PONTAPÉ NO TRASEIRO



Charge de Fernando Cabral (reprodução)


















A demissão de José Eduardo Cardoso do Ministério da Justiça demonstrou outra vez que a presidente Dilma, se nunca mandou, manda menos ainda. 
Madame não provocou aquilo que em xadrez se chama “roque”, a troca de uma peça pela outra em pleno tabuleiro. 
Pareceu mais uma simples briga de moleques, ou melhor, um chute no traseiro. Do mais forte no mais fraco, é claro. A dispensa quis levar à conclusão de que o mais antigo ministro do segundo governo do PT saiu vitorioso ao trocar a Justiça pela Advocacia Geral da União. Mentira. Não aguentou a pressão do Lula e do PT, que queriam vê-lo pelas costas por conta da vontade de afastar a Polícia Federal da Operação Lava Jato.
Há um ano, pelo menos, forçavam sua defenestração. Queriam, Lula, PT e a torcida do Flamengo, que calasse a Polícia Federal, impedindo a abertura de sucessivos inquéritos contra os ladrões da Petrobras, do partido e das empreiteiras. Quando as investigações avançaram sobre ministros e chegaram a ameaçar o próprio Lula, deram o xeque-mate na presidente: ou afastava José Eduardo Cardoso ou romperiam com ela.
Mais uma vez, Dilma cedeu. Assim como no caso de Aloizio Marcadante, preferiu sacrificá-lo, tirando-o da chefia da Casa Civil e comprando-lhe bilhete para o Ministério da Educação.
MILTON CAMPOS
Lembra-se uma história em que Milton Campos era ministro da Justiça do marechal Castello Branco. Os militares agitavam-se para impor mais virulência e radicalismo. O velho professor de Democracia resistiu o quanto pode, mas em dado momento entregou ao presidente sua carta de demissão irrevogável. E justificou: “Posso adotar a única iniciativa que V. Excia não pode…”
José Eduardo Cardoso levou mais de um ano para decidir-se. Saiu mal, mas como em situações análogas, também acabou saindo…
A pergunta que se faz é até quando Lula e seu bando resistirão tentando livrar-se dos processos de tanta sujeira praticada à sombra dos negócios da Petrobrás, do PT, dos empreiteiros e do próprio Lula. Botar a culpa na Polícia Federal apenas aumentará a culpa de cada um. Trocar de ministro somente irá estimular os federais a investigarem mais.

02 de março de 2016
Carlos Chagas

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