Nem sempre a conduta pouco responsável vem de onde se espera. Mas no caso do TSE não cabem surpresas. A corte sempre tratou com desdém aqueles que apontavam a insegurança dessas urnas eletrônicas vulneráveis (que só o Brasil comete a temeridade de usar). Jamais acordou para o fato de que um sistema de votação inconfiável coloca sob suspeita a legitimidade dos mandatos.
Ali no TSE, um militante devedor ao Partido dos Trabalhadores de tudo que conseguiu ser e ter presidiu a eleição de 2014. Em 2013, uma de suas sete cadeiras foi presenteada à jovem Luciana Lóssio, que fora advogada da campanha presidencial de Dilma em 2010. A nova ministra tinha, então, 37 anos.
Imatura para a função? Difícil dizer. É mais fácil provar. No dia 2 de janeiro deste ano, o PSDB ingressou, no TSE, com uma Ação de Investigação de Mandato Eletivo (AIME 761) invocando irregularidades na campanha de Dilma Rousseff. Em 4 de fevereiro, a ministra Maria Thereza de Assis Moura mandou arquivar. O PSDB recorreu e no dia 25 de agosto passado, o TSE retomou a votação do recurso. Com quatro votos favoráveis à continuidade do processo, a decisão já estava tomada por maioria.
O que fez, então, a diligente ministra Luciana Lóssio? Em vez de votar, pediu vistas. Resolveu dar uma olhada em algo que já estava decidido e que ela já deveria ter estudado. Mas não só pediu vistas. Afirmou a alguns de seus colegas (segundo noticiado pelo jornalista Lauro Jardim, sem qualquer desmentido) que iria demorar meses para examinar o assunto.
15 de setembro de 2015
Percival Puggina
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