"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

LAMBANÇA NO QUE SOBROU DA REFORMA POLÍTICA



Arrumações, acomodações e jeitinhos redundaram num dos mais ridículos projetos de emenda constitucional aprovados na Câmara dos Deputados nas últimas décadas. Um vexame. Suas Excelências quiseram poupar todo mundo, a começar por eles mesmo, produzindo ao final um texto que seria cômico se não fosse trágico.
Fala-se da proposta cujo objetivo seria simples, de ampliar todos os mandatos executivos e legislativos para cinco anos. Bastaria enunciar que a partir das eleições de 2016, e seguintes, todos os mandatos teriam a duração de cinco anos. Lei é lei, se foi criada deve valer para todos, mesmo contrariando matéria antes definida.
Só que a proposta fixa 2022 para começar a ser aplicada, mas eleva de 8 para 9 anos os mandatos dos senadores a ser eleitos em 2018, deixando a contagem de cinco anos a partir de 2022. Tudo para evitar que os senadores rejeitem a redução de seus próprios mandatos de 8 para 5 anos. Quer dizer, “para os próximos senadores, pode, mas para os atuais, não”…
Na verdade, se era para igualar todo mundo em 5 anos, bastaria começar ano que vem, mesmo se fosse para desconsiderar respeitar o que se chama de direitos adquiridos, que, aliás, não deve valer para dispositivos constitucionais.
Prefeitos e governadores com direito à reeleição atropelaram a reforma. O segundo mandato deveria simplesmente ter sido extinto, mas valerá para os eleitos ano passado, dentro da vigência da permissão. Poderão concorrer a um segundo mandato em outubro do ano que vem. O mesmo aconteceria com o presidente da República, se fosse Aécio e não Dilma. Convenhamos, muito mais simples teria sido estabelecer que a partir da promulgação da emenda, todos os mandatos seriam de cinco anos. E ponto final. Sem reeleição. Os incomodados que se conformassem.
VOLTOU E OCUPOU
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deu outra demonstração de que seu objetivo é bem mais amplo do que pleitear o governo do Rio, em 2018. Num fim de semana estava em Israel, viajou para Moscou e num esforço tanto físico quanto político, retornou para quarta-feira seguir do aeroporto para presidir a segunda etapa de votação da reforma política. Não deu espaço para ninguém. Ontem, desde cedo voltou a ocupar a direção dos trabalhos. Continuando assim, disputará a presidência da República, buscando suplantar Michel Temer como candidato do PMDB.

12 de junho de 2015
Carlos Chagas

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