Planalto protesta contra a terceirização que Levy apoia
A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira, por 324 votos a favor, 187 contra e duas abstenções, o texto-base do projeto que regulamenta e amplia o processo de terceirização de trabalhadores. mesmo com a resistência do PT e de parte do governo. A votação deixou muito claro o racha dentro da base e do próprio governo em relação ao projeto.
Enquanto o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, negociou mudanças no texto com o relator Arthur Maia (SD-BA), o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e o ministro Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência, posicionaram-se contra o projeto.
Rossetto divulgou nota, após a votação, na qual afirma que “o projeto é ruim, pois permite que toda relação de trabalho seja terceirizada, portanto, precarizada. Reduz os salários e os fundos de seguridade social. Não é bom para os trabalhadores. Não é bom para o país”.
Na votação, o líder do governo na Câmara encaminhou posição contra a aprovação do texto de Maia, mas entre os partidos da base a orientação foi seguida apenas por PT e PCdoB. O PROS e o bloco formado por PRB e outros partidos nanicos liberaram suas bancadas. Os demais partidos da base e da oposição — à exceção do PSOL — encaminharam o voto aprovando o texto-base.
PT BOICOTANDO
A votação dos destaques está prevista para a próxima semana, mas pode atrasar por causa desse racha. O PT continua boicotando o texto apresentado pelo relator e tentará fazer modificações no plenário. Ontem, o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) com mandado de segurança para tentar evitar a votação do projeto.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que o PT ficou isolado na votação e que José Guimarães tentou fazer com que a posição do partido prevalecesse como sendo a do governo. Para Cunha, o resultado mostra “dissonância” do governo com sua base.
— Quando o líder do governo encaminha a votação pelo governo contra todos os partidos da base, mostra que ele atua em dissonância com sua própria base. Eu sou testemunha de que o relator acordou com a equipe do Ministério da Fazenda pontos importantes que o governo considerou que tinham que estar no projeto. Não entendi, acho que o líder do governo levou a posição do seu partido como se fosse posição de governo — disse.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Se o PT considera tão maléfica a terceirização, por que não tomou a menor iniciativa, em mais de 12 anos de governo, para acabar com esta imoralidade?
Parodiando Francelino Pereira, que partido é esse? (C.N.)
10 de abril de 2015
Geralda Doca / Isabel Braga / Júnia Gama
O Globo
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