(Folha) Para enfrentar os desdobramentos da Operação Lava Jato, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, criou um grupo de trabalho com procuradores de diferentes áreas e com experiência em ações que levaram políticos, autoridades e empresários para trás das grades. A ideia é se preparar para a hora em que o caso da Petrobras chegar ao Supremo Tribunal Federal. A dimensão da investigação ainda é incerta, mas, como disse o ministro Gilmar Mendes, pode fazer do mensalão um "processo de pequenas causas".
No currículo dos escolhidos por Janot há especialistas em lavagem de dinheiro, formação de cartel, crimes transnacionais, delação premiada e na chamada "teoria do domínio do fato". Esta última foi a argumentação jurídica contra Dirceu, usada nas alegações finais do então procurador-geral da República Roberto Gurgel. Ela foi construída pelo coordenador do grupo, Douglas Fischer, que conseguiu convencer o STF de que o antigo chefe da Casa Civil tinha o controle do mensalão.
Como muitos outros integrantes do grupo, Fischer é professor e autor de livros. Recentemente, assessorou o então senador Pedro Taques (PDT-MT) na produção do projeto do novo Código Penal.
Crítico dos recursos infindáveis, o gaúcho de 45 anos já deu entrevistas reclamando do sistema de progressão penal do país, que permite a rápida liberação de presos.
Outro integrante, Wilton Queiroz, teve participação fundamental na prisão de Arruda. Responsável pelo setor de inteligência do Ministério Público do DF, foi um dos responsáveis por convencer o ex-secretário Durval Barbosa a delatar o "mensalão do DEM"
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BANESTADO E CARTEL
No grupo também está Vladimir Aras, que não só trabalha com o combate à corrupção como já sofreu as consequências na vida pessoal. Seu pai, um procurador federal, foi morto pela chamada "Máfia do Açúcar" após investigar sonegação de ICMS entre a Bahia e Pernambuco. Como procurador, participou das investigações do Banestado, escândalo de evasão de divisas que levou o doleiro Alberto Youssef a fazer sua primeira delação premiada.
A equipe também tem Andrey de Mendonça, que fez parte da formação original da força-tarefa da Lava Jato. Meticuloso, enviou mais de mil páginas de provas documentais à Justiça num processo contra o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. Ele atuou no caso Alstom, que investigou esquema de propina no setor de energia de São Paulo em 1998, no governo Mário Covas (PSDB).
Ainda no grupo está o procurador Fábio Coimbra, autor do pedido de prisão que viabilizou a extradição de Salvatore Cacciola ao Brasil. Completam a equipe Bruno Calabrich, coordenador de ensino da Escola Superior do Ministério Público; Danilo Dias e Eduardo Pelella, assessor especial e chefe de gabinete de Janot, respectivamente; Daniel Salgado, secretário de pesquisa e análise da Procuradoria; Rodrigo Telles, autor de livro sobre investigação criminal; e o promotor Sergio Fernandes, do Gaeco.
01 de fevereiro de 2015
in coroneLeaks
01 de fevereiro de 2015
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