"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

TEMER À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS

  



Ontem, a Executiva Nacional do PMDB, presidida por Michel Temer, declarou guerra ao PT e ao governo do qual o vice-presidente da República faz parte. Um rolo dos diabos, com a formalização das candidaturas de Eduardo Cunha à presidência da Câmara e de Renan Calheiros, do Senado.

Tratou-se de uma reação do maior partido nacional, depois que o PT, lançando Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara, seguiu instruções da presidente Dilma Rousseff e do núcleo duro do novo governo, rejeitando Eduardo Cunha e até contribuindo para a inclusão do líder do PMDB na suposta lista de envolvidos no escândalo da Petrobrás.

No fundo da questão está o fato de que Dilma e os companheiros não confiam no candidato peemedebista à vaga de Henrique Eduardo Alves na presidência da Câmara, certos de que se eleito ele criará problemas para o governo, colocando em pauta projetos prejudiciais ao palácio do Planalto e, em nome da independência do Legislativo, alimentando dificuldades para as propostas oficiais. Favorito nas preliminares da escolha do novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha é visto como adversário e até inimigo.

Renan Calheiros entra mais ou menos como Pilatos no Credo, ainda que se disponha também a estimular a independência do Congresso diante do Executivo. Ambos, é claro, declaram-se governistas desde criancinhas, mas a pressão que fizeram sobre Michel Temer não deixa dúvidas. O argumento para sua formalização como candidatos oficiais do partido é de que o PMDB precisa recuperar os espaços perdidos na recente reforma do ministério.

SEM PORTEIRA FECHADA

Apesar de passarem a dispor de seis e não de cinco ministros, reclamam da pouca importância das pastas que passaram a dispor, comparadas com as anteriores. No fundo, uma questão de verbas orçamentárias e de recursos a ser mobilizados nas iniciativas do governo. Acresce faltar a garantia da porteira fechada nos seus atuais ministérios, já tendo sido avisados pelo chefe da Casa Civil, Aloisio Mercadante, de que muitos cargos de segundo escalão serão da livre escolha de Dilma, quer dizer, do PT.

É preciso aguardar o desdobramento do entrevero, a se   caracterizar na primeira semana de fevereiro, com as eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Sintomática é a presença do senador José Sarney nessa rebelião do PMDB, ele que apesar de ficar sem mandato, mostra-se insatisfeito com o congelamento da nomeação de cargos do segundo escalão. Michel Temer deve estar à beira de um ataque de nervos, mas é sintomática sua decisão de ficar com o partido, mesmo contra o governo.

Em suma, e apesar das declarações de fidelidade de todos ao palácio do Planalto, a conclusão é de que para resolver o impasse, só um valor maior entrando em campo. O problema é que o Lula da sinais de isolamento, como deixou claro em entrevista a ex-ministra e senadora Marta Suplicy.

21 de janeiro de 2015
Carlos Chagas

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