Caiado quer cópia do depoimento de ex-presidente da Portugal Telecom sobre propina negociada por Lula
Líder da Oposição no Congresso Nacional, o senador eleito Ronaldo Caiado (Democratas-GO) afirmou que pedirá o conteúdo do depoimento dado por Miguel Horta e Costa, ex-presidente da Portugal Telecom, investigado em seu país pelo pagamento de 2,6 milhões de euros em propina ao Partido dos Trabalhadores, mediante negociação com o então presidente Lula.O depoimento foi feito no dia 9 de janeiro no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em Portugal, onde Horta e Costa é investigado por “corrupção no comércio internacional”.
No Brasil, a Polícia Federal abriu um inquérito mantido em sigilo e chegou a pedir às autoridades portuguesas cópia do depoimento, que já teria sido entregue, de acordo com reportagem do jornal “O Globo” desta sexta-feira (23). Caso não tenha acesso ao material aqui no País, Caiado desde já defende a criação de uma comissão externa no Senado para acompanhar as investigações no país lusitano.
“Vamos agir em duas frentes: primeiro vou solicitar ao procurador Rodrigo Janot o envio de informações sobre o depoimento do ex-executivo da Portugal Telecom. Se ele não teve acesso ao processo que corre em Portugal, então nós vamos propor a criação de uma comissão externa do Senado para ir lá acompanhar o processo. Precisamos fechar o cerco que não se concluiu com a investigação do Mensalão”, explicou o democrata.
Caiado refere-se a uma afirmação feita por Marcos Valério em 2012, de que a Portugal Telecom financiou o PT durante o governo Lula em troca de facilidades na compra da Telemig. O dinheiro, de acordo com o publicitário mensaleiro, teria sido negociado diretamente entre Lula, à época no comando do País, e o então presidente da empresa portuguesa, durante encontro no Palácio do Planalto.
“Assim como o Petrolão só começou a ser desvendado após o Ministério Público holandês investigar propinas pagas à Petrobras, este caso da Portugal Telecom pode nos trazer informações cruciais que levem ao grande operador dos esquemas de propina, roubo ao dinheiro público e financiamento ilegal de campanhas milionárias do PT”, afirmou o senador.
Ainda de acordo com Marcos Valério, a transferência do dinheiro seria feita por uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau (China) para a conta de publicitários que prestavam serviços às campanhas do PT. Valério citou uma viagem realizada por ele e seu ex-advogado Rogério Tolentino a Portugal, em 2005, como prova da existência do acordo.
Há pelo menos uma década o UCHO.INFO afirma que o esquema de corrupção montado pelo governo petista ultrapassou todas as fronteiras do que foi revelado na CPI dos Correios, que investigou o malfadado Mensalão do PT. As conexões criminosas eram tantas, que com faro jornalístico e dedicação espartana foi possível descobrir a ligação do Mensalão do PT com outros escândalos de corrupção protagonizados pelo partido ou por pessoas ligadas a alguns próceres da legenda.
Quando, no final de 2014, após a recente corrida presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) comparou o PT a uma organização criminosa, não o fez de forma atabalhoada e à sombra do ranço da derrota. Quem conhece os bastidores da política nacional sabe como opera o partido que insiste em permanecer no poder a qualquer custo.
Ainda em 2005, o UCHO.INFO chamou a atenção para o fato de o caixa do Mensalão do PT ter recebido dinheiro sujo de diversas fontes, começando por empresas de telefonia que tinham suas contas publicitárias administradas pelas agências de Marcos Valério. Vale lembrar que o ex-petista Silvio Pereira, o “Silvinho Land Rover”, flagrado no Mensalão do PT, disse que o objetivo do partido era alcancar a marca de R$ 1 bilhão em dinheiro público desviado e cobrança de propinas.
A epopeia bandoleira estreou sobre duas estacas criminosas: o esquema de corrupção que funcionou durante anos na cidade de Santo André – que culminou com o brutal assassinato de Celso Daniel – e o desvio de recursos da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo, a conturbada Bancoop, que já foi presidida por Ricardo Berzoini, atual ministro da Secretaria de Relações Institucionais, e por João Vaccari Neto, tesoureiro do PT e investigado na Operação Lava-Jato, que recentemente deixou o Conselho da binacional hidrelétrica de Itaipu.
O fato de o UCHO.INFO ter avançado nas investigações do Mensalão do PT, descobrindo as muitas ligações entre vários crimes, rendeu ao editor do site não apenas processo judiciais, mas ameaças de morte e o sequestro de um familiar.
Quando a CPMI dos Correios aprovou a convocação de um conhecido banqueiro oportunista, cujo nome não podemos citar por ordem arbitrária da Justiça do Rio de Janeiro, a mãe do editor foi sequestrada em São Paulo, permanecendo em poder dos marginais durante mais de oito horas. Após libertá-la, os criminosos enviaram à casa do jornalista os pertences de sua genitora.
Por ter se recusado, meses antes, a fazer um dossiê contra o tucano José Serra, o editor do UCHO.INFO passou a sofrer ameaças, assim como seus filhos. A oferta final foi de US$ 500 mil, mas diante da negativa os políticos marginais começaram a agir.
Sem saber que seu telefone estava grampeado, o editor teve gravado uma conversa em que alertava cinco amigos sobre a oferta criminosa. Foi suficiente que um petista de nome Donizeti fosse ao gabinete de um alto integrante do Judiciário para avisar que o editor seria morto, cedo ou tarde. A ordem, segundo o estafeta, teria partido do Palácio do Planalto, cujos inquilinos de então começavam a se incomodar com o nosso jornalismo investigativo.
24 de janeiro de 2015
ucho.info
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