Governos bolivarianos, como o da Venezuela, e simpatizantes, como o da Argentina, usam meios econômicos e políticos no cerco ao jornalismo profissional
Cercear a liberdade de imprensa continua sendo uma das preocupações centrais de governos bolivarianos, como os de Venezuela, Bolívia e Equador, e de simpatizantes, como o kirchnerista, da Argentina. O objetivo é o de todos os governos autoritários: limitar a informação à verdade oficial, calando críticos por meio de intimidação de jornalistas, de pressão econômica sobre as empresas de comunicação, montando uma poderosa cadeia estatal de notícias e manipulando verbas de publicidade para beneficiar amigos e aliados.
O kirchnerismo está há 11 anos no poder na Argentina e, nesse período, tem aumentado o cerco à imprensa profissional. Fez aprovar uma Lei de Meios cuja justificativa era “democratizar” a informação, ao obrigar as grandes empresas de comunicação a se desfazer de uma série de veículos. Mas o grande alvo era mesmo o Grupo Clarín, o maior do setor no país, que se manteve fiel ao papel de fiscalizar a atuação do Executivo (e também dos demais poderes).
Iniciou-se longa batalha judicial sobre a legitimidade da lei, durante a qual o governo não pôde avançar em seu objetivo de quebrar a espinha do “Clarín”. Ano passado, a Suprema Corte argentina opinou pela constitucionalidade da legislação, mas condicionou sua aplicação à forma igualitária; por um organismo neutro e independente; com a distribuição equânime da publicidade oficial; e que os meios de comunicação oficiais sejam públicos. Apesar de nada disso estar sendo respeitado, o governo decidiu avançar na adequação compulsória do Grupo Clarín à lei, rechaçando o plano apresentado pela empresa, que a dividia em seis unidades de negócios.
O desmembramento do grupo, com a venda de ativos, abre a possibilidade de expansão dos meios de comunicação ligados a Cristina Kirchner. A decisão da Casa Rosada foi condenada, entre outros, pelo Foro Iberoamérica, integrado por ex-presidentes como Fernando Henrique Cardoso e Ricardo Lagos (Chile).
O ataque à liberdade de imprensa foi iniciado por Chávez, na Venezuela. Em 2004, foi aprovada a Lei de Responsabilidade de Rádio e TV, que permitiu ao governante fechar estações de rádio e TV que não seguiam a linha oficial. A fase seguinte foi fechar veículos privados e criar uma grande rede para trombetear a versão oficial. O governo Maduro usa o controle cambial para negar o fornecimento de papel de imprensa aos meios “inimigos”. Muitos jornais fecharam ou tiveram a tiragem muito reduzida em todo o país.
A censura e a autocensura tolhe os jornalistas venezuelanos. Duas delas, Tamoa Calzadilla e Laura Weffer, deixaram o “Últimas Noticias” após ter uma reportagem sobre os protestos de rua contra o governo censurada pela direção do diário. Mas o trabalho rendeu às duas o Prêmio Maria Moors Cabot, da Universidade de Columbia, um dos mais prestigiosos da imprensa mundial. Neste caso, o tiro saiu pela culatra. Mas em muitos outros, não.
Cercear a liberdade de imprensa continua sendo uma das preocupações centrais de governos bolivarianos, como os de Venezuela, Bolívia e Equador, e de simpatizantes, como o kirchnerista, da Argentina. O objetivo é o de todos os governos autoritários: limitar a informação à verdade oficial, calando críticos por meio de intimidação de jornalistas, de pressão econômica sobre as empresas de comunicação, montando uma poderosa cadeia estatal de notícias e manipulando verbas de publicidade para beneficiar amigos e aliados.
O kirchnerismo está há 11 anos no poder na Argentina e, nesse período, tem aumentado o cerco à imprensa profissional. Fez aprovar uma Lei de Meios cuja justificativa era “democratizar” a informação, ao obrigar as grandes empresas de comunicação a se desfazer de uma série de veículos. Mas o grande alvo era mesmo o Grupo Clarín, o maior do setor no país, que se manteve fiel ao papel de fiscalizar a atuação do Executivo (e também dos demais poderes).
Iniciou-se longa batalha judicial sobre a legitimidade da lei, durante a qual o governo não pôde avançar em seu objetivo de quebrar a espinha do “Clarín”. Ano passado, a Suprema Corte argentina opinou pela constitucionalidade da legislação, mas condicionou sua aplicação à forma igualitária; por um organismo neutro e independente; com a distribuição equânime da publicidade oficial; e que os meios de comunicação oficiais sejam públicos. Apesar de nada disso estar sendo respeitado, o governo decidiu avançar na adequação compulsória do Grupo Clarín à lei, rechaçando o plano apresentado pela empresa, que a dividia em seis unidades de negócios.
O desmembramento do grupo, com a venda de ativos, abre a possibilidade de expansão dos meios de comunicação ligados a Cristina Kirchner. A decisão da Casa Rosada foi condenada, entre outros, pelo Foro Iberoamérica, integrado por ex-presidentes como Fernando Henrique Cardoso e Ricardo Lagos (Chile).
O ataque à liberdade de imprensa foi iniciado por Chávez, na Venezuela. Em 2004, foi aprovada a Lei de Responsabilidade de Rádio e TV, que permitiu ao governante fechar estações de rádio e TV que não seguiam a linha oficial. A fase seguinte foi fechar veículos privados e criar uma grande rede para trombetear a versão oficial. O governo Maduro usa o controle cambial para negar o fornecimento de papel de imprensa aos meios “inimigos”. Muitos jornais fecharam ou tiveram a tiragem muito reduzida em todo o país.
A censura e a autocensura tolhe os jornalistas venezuelanos. Duas delas, Tamoa Calzadilla e Laura Weffer, deixaram o “Últimas Noticias” após ter uma reportagem sobre os protestos de rua contra o governo censurada pela direção do diário. Mas o trabalho rendeu às duas o Prêmio Maria Moors Cabot, da Universidade de Columbia, um dos mais prestigiosos da imprensa mundial. Neste caso, o tiro saiu pela culatra. Mas em muitos outros, não.
11 de novembro de 2014
Editorial O Globo
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