Numa evidência a mais de que também o Poder Judiciário merece profundas reformas, tome-se a reunião da CPI da Petrobras, para a oitiva de Paulo Roberto Costa, cidadão preso, acusado das maiores tramoias verificadas na empresa.
Durante oito anos do Lula e um de Dilma, como diretor da estatal, o personagem chefiou uma quadrilha que desviou perto de dez bilhões de reais de contratos superfaturados com empreiteiras e pagamento de propina a montes de políticos, no Congresso, nos governos estaduais e até no ministério. Para as contas particulares do réu, na Suíça, fluíram no mínimo 23 milhões.
Com o objetivo de não transformar-se em outro Marcos Valério, condenado a 40 anos de cadeia no processo do mensalão, o chamado Paulinho ofereceu-se ao Ministério Público e à Justiça pleiteando a delação premiada contra seus comparsas e prometendo devolver os 23 milhões aos cofres públicos.
Sabem o que acontecerá, ou já está acontecendo, se na delação for comprovada a participação de políticos corruptos e se o governo da Suíça aceitar devolver para o Brasil a quantia roubada?
Simplesmente a libertação do sacripanta. Ganhará a liberdade com a devolução dos milhões surripiados dos cofres públicos. Tudo de acordo com a lei e a jurisprudência.
Vá um ladrão de galinhas pleitear o mesmo benefício, devolvendo as penosas tiradas do galinheiro e denunciando os comparsas que junto com ele deglutiram vastas porções de frango à molho pardo… Nem por sombra deixará de curtir anos de prisão.
Comprova-se mais uma vez a existência de bandidos e bandidos. Uns, que mesmo por estado de necessidade roubaram galinhas. Outros, que por serem amigos de presidentes da República, até fotografados em reunião com eles, tendo desviado dez bilhões, escaparão das grades. Com toda certeza para usufruir de outros 23 milhões que a Polícia Federal não conseguiu encontrar.
Esse escândalo singular junta-se às facilidades e aos mil recursos judiciais postos à disposição dos ladrões de colarinho branco, por conta de seus brilhantes advogados. Aqui e ali a lei alcança alguns, como no caso dos réus do mensalão, aliás, próximos de poder cumprir suas penas em casa.
Fala-se muito da reforma política, aquela que jamais acontecerá, mas da reforma do Judiciário, nem pensar.
ABSTENÇÕES EM ALTA
Continua impávida a baixaria na campanha presidencial. Na propaganda gratuita pelo rádio e a televisão, bem como em suas entrevistas quase diárias, a presidente Dilma não poupa Marina Silva, prática na qual lançou-se o Lula, nos últimos dias.
Esse furor inusitado pode ter suas razões no medo de o PT perder o poder, em outubro. Engana-se quem supuser que o eleitorado aplaude essas agressões ou, pelo menos, dá de ombros.
Os institutos de pesquisa pulam por cima das causas do distanciamento popular diante do processo sucessório, mas poderão surpreender-se com o número de abstenções, votos em branco e votos nulos.
18 de setembro de 2014
Carlos Chagas
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