Em conversa com Lula após missa em homenagem ao ex-governador morto, presidente avaliou impacto da entrada da ex-senadora Marina Silva na disputa
Presidente Dilma Rousseff chega para o velório de Eduardo Campos no Recife (Talita Fernandes/VEJA.com)
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Após a cerimônia fúnebre, Dilma e Lula pegaram o mesmo carro. Aproveitaram para conversar sobre a realidade surgida com a morte de Campos e sobre a possibilidade de perda de votos para Marina. Há uma preocupação no governo de que a comoção observada com as circunstâncias trágicas da morte de Campos possa reverter em votos para a ex-ministra no Nordeste, especialmente em Pernambuco.
O principal temor se deve ao fato de que se considerava que a petista já estivesse consolidada na região.
Duas etapas - A possibilidade de segundo turno também preocupa. Pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira indica que a entrada de Marina na disputa torna o quadro um fato: a ex-senadora tem 21% dos votos, empatada com Aécio Neves (PSDB), 20%, na segunda colocação. Dilma tem 36%.
No segundo turno, Marina aparece à frente de Dilma - 47% a 43% -, mas em situação de empate técnico levando-se em consideração o limite da margem de erro. O PT trabalhava com esse quadro, mas torcia para que ele não se concretizasse.
Com Marina na disputa e a comoção em torno de Campos, os petistas acreditam que muitos eleitores que estavam indecisos ou desiludidos com a política poderão aderir à ex-ministra do Meio Ambiente. De fato, o Datafolha mostra que a taxa dos que votariam em branco ou em nulo caiu de 13% para 8%. Os eleitores indecisos passaram de 14% para 9%.
Muitos acreditam que Marina conseguirá arrebatar os descontentes de junho do ano passado e descrentes da política, que poderão apostar nela, como válvula de escape.
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Num segundo turno, os candidatos têm o mesmo tempo de propaganda na TV. No primeiro, Dilma tem ampla vantagem. A petista dispõe de 11 minutos, Aécio, pouco mais de 4 minutos e meio e Marina, cerca de 2.
Preferência - Os petistas preferem enfrentar o tucano Aécio Neves na segunda etapa da disputa. Acreditam que o tradicional discurso polarizado antielite funciona. Apesar de haver consenso de que o segundo turno se tornou uma realidade, ainda há dúvidas se a comoção se manterá até 5 outubro, dia da eleição. Ou seja, espera-se um crescimento inicial da ex-ministra. Resta saber se ele se manterá até o momento de o eleitor ir à urna.
Apesar do quadro que possa ser ainda desenhado, interlocutores de Dilma estão convencidos de que ela chegou ao seu piso de votos e que não cairá abaixo de 36%, mesmo que o fenômeno Marina possa voltar. A mudança na candidatura do PSB preocupa também o comando de campanha dos tucanos. O grupo de Aécio diz, porém, que o PT perderá mais. O raciocínio é que Campos, como Aécio, apresentava um programa econômico mais liberal. Agora, com a saída dele, é provável que os tucanos fiquem sozinhos nesse campo, pois Marina tende a seguir um perfil com maior presença do Estado na economia.
Como Aécio é o preferido do agronegócio e Marina, considerada hostil pelo setor, os tucanos acreditam que terão apoio no setor rural. Na opinião deles, Dilma também não conseguiu agradar ao agronegócio.
(Com Estadão Conteúdo)
18 de agosto de 2014
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