Na Folha de São Paulo a reportagem está assinada por Cláudia Rolli e Tatiana Freitas, enquanto no Globo a matéria é de Geralda Doca, Marta Beck e Rennan Setti, mas os temas e as fontes são os mesmos: Boletim Focus do Banco Central reduziu a perspectiva de crescimento do Produto Interno bruto este ano para um patamar entre 0,9 e 1%. O índice coincide com o calculado pelo Banco Santander.
Resultado muito ruim. Primeiro, porque a taxa demográfica é calculada pelo IBGE na escala de 1,2%: nascem 1,9, morrem 0,7% ao ano. População avançando acima do PIB significa recuo na renda per capita, indicador fundamental para o desenvolvimento. Em segundo lugar, destaca O Globo, o IPCA está apontando para uma inflação de 6,4%. Maior do que os reajustes de salário. O reflexo atinge a sociedade como um todo em face da perda do poder aquisitivo.
Os juros aplicados às compras a crédito continuam no mundo da lua, ao lado de uma retração de consumo. Tanto assim que empresas que passaram a vender menos decidiram vender mais energia que possuem em estoque. O destino é o mercado livre de curto prazo, cujos preços são elevados.
Todos esses fatores convergem e conduzem para ampliar os índices de insatisfação social e o governo necessita agir com firmeza para revertê-los, sobretudo porque nos encontramos num ano eleitoral com a disputa presidencial fixada para daqui a três meses e uma semana.
PESSIMISMO
O Boletim Focus encontra-se pessimista, não prevendo melhora do quadro econômico até às eleições. Surpreendente tal posicionamento, sobretudo expressado por uma entidade vinculada ao Banco Central. Não é possível que não vislumbre ele, sem trocadilho, nenhum foco de esperança no horizonte.
Provavelmente sem que sua direção sentisse ou percebesse, o Focus proporcionou um panorama que serviu à oposição e não ao Planalto. Não ao governo, portanto, ao qual está administrativamente vinculado. Passou uma forte dose de pessimismo, que inevitavelmente se acrescenta ao clima negativo que partiu da derrota por sete a um da Seleção Brasileira, clima que ainda vai perdurar por vários meses envolvendo a população, portanto, o eleitorado brasileiro.
O governo Dilma Rousseff necessita reagir a tempo e mobilizar suas equipes e suas correntes de comunicação com a opinião pública para desfazer o derrotismo injetado na atmosfera nacional.
Não é possível que não exista uma fonte de reação, sobretudo no momento em que a campanha eleitoral está prestes a se iniciar através dos horários gratuitos na televisão e no rádio. Inclusive possuindo um espaço bem maior do que aquele que os seus adversários somados vão utilizar, Dilma Rousseff terá de preenchê-lo. E fazê-lo de forma positiva, otimista e convincente.
Em matéria de marqueteiro, não poderia haver alguém mais capacitado do que João Santana. Pode haver igual, mas não mais capacitado para a função. A propósito: por que a presidente da República não ouve Santana a respeito da divulgação dada pelo Boletim Focus aos números que confrontam o índice demográfico, o PIB e o aumento da inflação?
27 de julho de 2014
Pedro do Coutto
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