O PIB do primeiro trimestre não foi apenas um número ruim. Foram vários. Na opinião do economista José Roberto Mendonça de Barros, o pior é a “consolidação da estagnação no investimento”. Foi exatamente esse olhar por dentro dos dados que fez a pesquisa Focus reduzir a projeção de crescimento deste ano para 1,5%. José Roberto está, desde março, prevendo 1,3%.
Ocurioso
é que não era para ser assim. Os dados contrariam uma tendência: de que o PIB cresce mais em ano de eleição e Copa do Mundo.
— Confirma-se que este será um ano ruim para os negócios. A Copa poderia aumentar o crescimento, mas o efeito feriado — ou seja, a soma dos feriados que vão suspender produção e vendas durante os jogos — está derrubando os dados.
Alguns economistas já falam em PIB negativo no segundo trimestre. José Roberto diz que não há certeza.
— Será, sem duvida, um número ruim, e pode até ser negativo.
Com os três trimestres de retração no investimento, é difícil apostar em crescimento maior a curto prazo. A indústria continua em recessão, também com a terceira taxa negativa, puxada pelas indústrias de transformação e de construção (vejam os gráficos).
O governo tem divulgado números de liberação de crédito do BNDES e exibiu taxas de alta de investimento no primeiro semestre de 2013 falando que haveria um boom de investimentos no país. Na verdade, os dados mostravam apenas a renovação da frota de caminhões, provocada por um fenômeno muito pontual.
A redução da taxa de poupança para o inacreditável número de 12,7% do PIB, combinada com um déficit em conta-corrente próximo de 4%, lança sombras sobre os próximos trimestres. O país não tem acumulado capital para financiar seus investimentos e já está tomando recursos demais no exterior.
O consumo das famílias caiu 0,1%, o primeiro recuo desde 2009. Isso mostra que está esgotado o modelo de crescimento dos últimos anos, segundo José Roberto.
— Será inevitável e difícil o ajuste. O mais do mesmo não vai dar, independentemente do resultado da eleição. Nós estamos vendo uma pá de cal numa forma de crescimento que se esgotou completamente.
Na avaliação de José Roberto Mendonça de Barros, de todos os setores, o único que vai bem, apesar de o número não ter sido brilhante, é a agropecuária.
— Se tirar açúcar e álcool, o setor vai bem. Na revisão, o PIB agrícola de 2013 foi a 7,3%. No primeiro trimestre de 2014, foi 2,8%. A seca foi concentrada em janeiro e fevereiro, quando a safra estava garantida. O café reduziu produção, mas o preço vai bem. No resto, o conjunto vai bem. O setor que aposta na melhora tecnológica como centro do negócio é o único segmento que tem um aumento de produtividade que compensa os problemas de infraestrutura que o país tem.
A principal causa da crise do álcool é a opção pelo subsídio à gasolina:
— É inacreditável o que fizeram com o etanol, depois de todo o esforço nacional para desenvolver o setor.
Além da incerteza nessa área, a crise elétrica de uma forma geral é outro fator que inibe investimentos. O empresário preferiu cortar custos, arquivar investimentos e garantir um bom lucro.
Ontem, o governo divulgou a balança comercial de maio, que teve superávit de US$ 700 milhões. O problema é que no acumulado do ano ainda há déficit de US$ 4,9 bi. Nos últimos 12 meses, o superávit é de apenas US$ 3 bi, contra US$ 7,7 bilhões e US$ 27,5 bi dos mesmos períodos de 2013 e 2012.O saldo sumiu.
Ocurioso
é que não era para ser assim. Os dados contrariam uma tendência: de que o PIB cresce mais em ano de eleição e Copa do Mundo.
— Confirma-se que este será um ano ruim para os negócios. A Copa poderia aumentar o crescimento, mas o efeito feriado — ou seja, a soma dos feriados que vão suspender produção e vendas durante os jogos — está derrubando os dados.
Alguns economistas já falam em PIB negativo no segundo trimestre. José Roberto diz que não há certeza.
— Será, sem duvida, um número ruim, e pode até ser negativo.
Com os três trimestres de retração no investimento, é difícil apostar em crescimento maior a curto prazo. A indústria continua em recessão, também com a terceira taxa negativa, puxada pelas indústrias de transformação e de construção (vejam os gráficos).
O governo tem divulgado números de liberação de crédito do BNDES e exibiu taxas de alta de investimento no primeiro semestre de 2013 falando que haveria um boom de investimentos no país. Na verdade, os dados mostravam apenas a renovação da frota de caminhões, provocada por um fenômeno muito pontual.
A redução da taxa de poupança para o inacreditável número de 12,7% do PIB, combinada com um déficit em conta-corrente próximo de 4%, lança sombras sobre os próximos trimestres. O país não tem acumulado capital para financiar seus investimentos e já está tomando recursos demais no exterior.
O consumo das famílias caiu 0,1%, o primeiro recuo desde 2009. Isso mostra que está esgotado o modelo de crescimento dos últimos anos, segundo José Roberto.
— Será inevitável e difícil o ajuste. O mais do mesmo não vai dar, independentemente do resultado da eleição. Nós estamos vendo uma pá de cal numa forma de crescimento que se esgotou completamente.
Na avaliação de José Roberto Mendonça de Barros, de todos os setores, o único que vai bem, apesar de o número não ter sido brilhante, é a agropecuária.
— Se tirar açúcar e álcool, o setor vai bem. Na revisão, o PIB agrícola de 2013 foi a 7,3%. No primeiro trimestre de 2014, foi 2,8%. A seca foi concentrada em janeiro e fevereiro, quando a safra estava garantida. O café reduziu produção, mas o preço vai bem. No resto, o conjunto vai bem. O setor que aposta na melhora tecnológica como centro do negócio é o único segmento que tem um aumento de produtividade que compensa os problemas de infraestrutura que o país tem.
A principal causa da crise do álcool é a opção pelo subsídio à gasolina:
— É inacreditável o que fizeram com o etanol, depois de todo o esforço nacional para desenvolver o setor.
Além da incerteza nessa área, a crise elétrica de uma forma geral é outro fator que inibe investimentos. O empresário preferiu cortar custos, arquivar investimentos e garantir um bom lucro.
Ontem, o governo divulgou a balança comercial de maio, que teve superávit de US$ 700 milhões. O problema é que no acumulado do ano ainda há déficit de US$ 4,9 bi. Nos últimos 12 meses, o superávit é de apenas US$ 3 bi, contra US$ 7,7 bilhões e US$ 27,5 bi dos mesmos períodos de 2013 e 2012.O saldo sumiu.
06 de junho de 2014
Miriam Leitão, O Globo
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