"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

VIVO HOJE COMO SE HOUVESSE AMANHÃ

 


Hoje estréia um novo colaborador, cearense de Fortaleza, 56 anos. Escritor (8 livros) e cronista.


VIVO HOJE COMO SE HOUVESSE AMANHÃ, DEPOIS DE AMANHÃ, MÊS QUE VEM, ANO QUE VEM…

21807_495753743818817_921096945_n

Quando leio a célebre frase “Viva hoje como se não houvesse amanhã” fico apavorado, me dá vontade de tomar um Lexotan urgente. Fico pensando, se não houvesse amanhã eu teria que usar minhas últimas vinte e quatro horas para fazer tudo o que ainda não fiz. Realizar sonhos antigos, em versões recicladas, necessariamente, e outros sonhos que ainda nem terminei de sonhar direito. Imagina tentar resolver todas essas pendências num só dia. Que loucura! Teria que extrair cirurgicamente minhas mágoas com alto risco de não sobreviver e depois sacar alguns perdões imaturos para colocá-los no carbureto

Parir, prematuramente, alguns amores ainda sem identidade, precipitando-os à sorte das incubadoras de moscas, para gerar relacionamentos frágeis, condenados à morte em um dia. Desvencilhar-me de velhos hábitos, frutos das minhas neuroses, adquirir novos hábitos virtuosos que só ficaram na vontade. Posconceituar meus preconceitos, desprocrastinar o enfrentamento dos meus medos, retardar meus anseios frustrantes, dessonhar sonhos ruins, resolver meus conflitos, sair das minhas crises e completar meu eu inacabado. Teria que ler mais livros, escrever mais poesias, dar presentes, fazer as declarações de amor que não fiz ou que fiz insuficientemente. Tensionado da aurora ao arrebol, da graça da Lua ao seu último adeus, não descansaria um segundo. Que dia!

Além disso, quero aprender a falar inglês, francês, italiano, espanhol, libras, japonês e mandarim, conhecer meio mundo e construir uma creche e um asilo para idosos. Tudo hoje, caso não haja amanhã.

Não, não e não! Quero viver sempre na certeza que haverá amanhã, depois de amanhã, mês que vem, ano que vem, etc. Quero viver no ritmo da existência, bailar a melodia dos processos naturais da vida, contar uma história quente, acontecida na fornada deste mundo, e não virtualmente forjada no micro-ondas de uma sociedade fast-food maluca. Quero viver meus sonhos passo a passo, escrever a novela da minha vida capítulo por capítulo, poetar verso a verso, consistentemente, pacientemente, conscientemente.

E quando eu definitivamente adormecer, serei para sempre só… um sonho.


18 de abril de 2014
JANSEN VIANA
in blog do Giulio Sanmartini

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário