Não é apenas na educação que o Brasil se sai mal na maioria das pesquisas internacionais sobre avanços sociais. O saneamento básico, item elementar para se medir o estágio de desenvolvimento de um país e de qualidade de vida de um povo, continua produzindo números constrangedores. A velha máxima de que manilha enterrada não dá votos não apenas continua prevalecendo como tem se fortalecido nos últimos anos, desmentindo o discurso oficial de prioridades tocadas sob o manto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um dos ícones do marketing governamental.
Um amplo estudo do respeitado Instituto Trata Brasil, que há vários anos acompanha de perto a evolução do saneamento no país, em parceria com o Conselho Empresarial Brasil para o Desenvolvimento Sustentável, acaba de chegar a resultados desanimadores e preocupantes. Foram comparados os progressos na universalização do acesso ao saneamento básico obtidos nos últimos 12 anos por 200 países de vários estágios de desenvolvimento econômico e social. O Brasil não conseguiu ir além da vergonhosa 112ª posição.
Perdemos feio para nações da América Latina, como Equador, Chile, Argentina, Uruguai, Cuba e México. Fomos melhores apenas do que alguns países africanos como Chade, Congo, Níger e Togo.
Levantamentos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que mais de 40% das famílias brasileiras ainda não têm acesso ao saneamento, recurso disponível na maioria dos países desenvolvidos desde o século 19. O estudo do Instituto Trata Brasil revela que a queda no ritmo de implantação de redes de água e de esgotos no país é constante nos últimos anos, o que torna mais distante o alcance da meta do governo de completar a universalização do saneamento em 2033, objetivo excessivamente modesto para quem conseguiu construir ou atualizar 12 grandes estádios de futebol para a Copa do Mundo em pouco mais de um ano.
Segundo o estudo, o ritmo de crescimento da oferta de estruturas de saneamento foi de 4,6% ao ano na década de 2000. Mas, nesta década, esse ritmo caiu para 4,1%. Essa queda afeta todas as regiões do país, sendo mais expressiva no Norte. Os técnicos do Trata Brasil calcularam para cada região o Índice de Desenvolvimento de Saneamento, medida aceita internacionalmente. Varia de 0 a 1, sendo mais altas as marcas mais próximas de 1. O melhor desempenho, calculado com dados de 2011, foi observado no Centro-Oeste, com índice de 0,660. A Região Sul vem em seguida, com 0,616. O Sudeste, a mais populosa, teve índice de 0,598. O Nordeste ficou com 0,592 e o Norte não passou de 0,373.
Para quem se orgulha de figurar entre as sete maiores economias do mundo, o atraso em item tão elementar do desenvolvimento social desmonta a pretensão do Brasil de ter papel relevante entre as nações e expõe mais uma face de nossa sociedade injusta e desigual.
28 de março de 2014
Correio Braziliense
Um amplo estudo do respeitado Instituto Trata Brasil, que há vários anos acompanha de perto a evolução do saneamento no país, em parceria com o Conselho Empresarial Brasil para o Desenvolvimento Sustentável, acaba de chegar a resultados desanimadores e preocupantes. Foram comparados os progressos na universalização do acesso ao saneamento básico obtidos nos últimos 12 anos por 200 países de vários estágios de desenvolvimento econômico e social. O Brasil não conseguiu ir além da vergonhosa 112ª posição.
Perdemos feio para nações da América Latina, como Equador, Chile, Argentina, Uruguai, Cuba e México. Fomos melhores apenas do que alguns países africanos como Chade, Congo, Níger e Togo.
Levantamentos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que mais de 40% das famílias brasileiras ainda não têm acesso ao saneamento, recurso disponível na maioria dos países desenvolvidos desde o século 19. O estudo do Instituto Trata Brasil revela que a queda no ritmo de implantação de redes de água e de esgotos no país é constante nos últimos anos, o que torna mais distante o alcance da meta do governo de completar a universalização do saneamento em 2033, objetivo excessivamente modesto para quem conseguiu construir ou atualizar 12 grandes estádios de futebol para a Copa do Mundo em pouco mais de um ano.
Segundo o estudo, o ritmo de crescimento da oferta de estruturas de saneamento foi de 4,6% ao ano na década de 2000. Mas, nesta década, esse ritmo caiu para 4,1%. Essa queda afeta todas as regiões do país, sendo mais expressiva no Norte. Os técnicos do Trata Brasil calcularam para cada região o Índice de Desenvolvimento de Saneamento, medida aceita internacionalmente. Varia de 0 a 1, sendo mais altas as marcas mais próximas de 1. O melhor desempenho, calculado com dados de 2011, foi observado no Centro-Oeste, com índice de 0,660. A Região Sul vem em seguida, com 0,616. O Sudeste, a mais populosa, teve índice de 0,598. O Nordeste ficou com 0,592 e o Norte não passou de 0,373.
Para quem se orgulha de figurar entre as sete maiores economias do mundo, o atraso em item tão elementar do desenvolvimento social desmonta a pretensão do Brasil de ter papel relevante entre as nações e expõe mais uma face de nossa sociedade injusta e desigual.
28 de março de 2014
Correio Braziliense
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