"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

VITÓRIA DERROTADA (UMA FICÇÃO REAL)



 
Atendendo ao chamado diário veiculado na mídia, certo dia uma senhora com mais de 80 anos resolveu exercer seu papel de cidadã zelosa em prol de uma melhor qualidade de vida da comunidade. Apesar de suas condições financeiras precárias, adquiriu uma filmadora através de um crediário extorsivo qualquer, já que os pobres não conseguem fugir deles em função da política financeira desumana conduzida pelo governo.
 
Durante algumas semanas ela registrou atividades criminosas de pivetes e policiais na entrada da favela em frente ao seu prédio na Ladeira dos Tabajaras, no Rio de Janeiro. Através do programa “disque-denúncia”, ofertou o material à polícia. Tal produto serviu para mostrar como agentes da lei estão envolvidos no mercado das drogas e das armas e nem se preocupam em agir com a farda no corpo, tal a certeza da impunidade. E depois do processo aberto, nove policiais imorais foram afastados de suas funções externas (será que estão presos?). Seria um exemplo a ser seguido por outras pessoas idôneas para colaborar na limpeza de nossas entidades contaminadas por elementos perniciosos.
 
Depois de sua participação fundamental neste evento, claro que ela teve de abandonar sua moradia pelo risco de vida que corria. Mas contava com o alardeado serviço de proteção à testemunha, que segundo a propaganda enganosa, cuidaria para arranjar-lhe uma nova localidade para prosseguir o resto de sua vida, sob nova identidade e longe das ações vingativas dos denunciados.
 
Para nossa surpresa, eis que um ano depois surge uma reportagem nos jornais locais revelando que “D. Vitória” (o nome fictício foi a única coisa que lhe deram de boa vontade) estava entregue à própria sorte em busca de local seguro e ainda correndo risco de ser enquadrada e ter de ressarcir o Estado (?) por gastos ocorridos durante o processo de interesse da sociedade.
 
Com esta atuação as autoridades encarregadas de nossa segurança acabaramm de desestimular centenas de pessoas prontas para colaborar na cruzada pela moralidade da vida coletiva da sociedade. E onde estão aquelas entidades que arrotam a “defesa da democracia” (OAB, CNBB, Congresso, TV Bobo, ONGs dos direitos humanos) que não levantam a voz para defender esta senhora que deveria receber uma estátua em praça pública (mesmo com o rosto vendado)? Só tomam partido de figurões envolvidos em negociatas escusas que sangram nossas divisas. Talvez até levem “algum” para demonstrarem tanta veemência na defesa dos canalhas que compram suas consciências.
 
Cabe agora perguntar aos inocentes desavisados de plantão quanto devemos acreditar nas pessoas que foram colocadas no comando da vida pública e voltam a pedir o voto para manterem este modelo podre gerenciando nossas vidas, ainda que digam o contrário durante as campanhas eleitorais. Da mesma forma que há mais de 80 anos prometem terminar com a seca no Nordeste, onde curiosamente abunda água nas fazendas dos “coronéis” (para lavarem as suas) que definem os gestores das “capitanias hereditárias” que só foram desfeitas no papel, mas são percebidas em diversas localidades onde por dezenas de anos as mesmas famílias “ganham” as eleições.
 
Nossa sociedade é um colosso. Sobrevive no fundo do poço!   QUEM SE MANIFESTA NÃO ACEITA O QUE RESTA!
16 de setembro de 2013
Haroldo P. Barboza é Professor e Escritor. Autor dos livros: Brinque e cresça feliz  /  Sinuca de bico na cuca.

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