A ex-deputada do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) costuma esquivar-se quando questionada, em entrevistas, sobre as práticas criminosas de regimes comunistas na história.
É comum ouvirmos D’ávila justificar: “queremos um socialismo com a cara do Brasil”. Em paralelo, o partido ao qual pertence, e defende com unhas e dentes, declara apoio à genocidas como Kim Jong Un, ditador da Coréia do Norte.
Muitos homossexuais brasileiros se encantaram pelo glíter que o PCdoB jogou sobre as intermináveis pilhas de corpos das vítimas dos genocídios comunistas. Mas, afinal, o que o comunismo reserva para homossexuais?
Por onde o socialismo passava, o discurso de que a homossexualidade era uma prática burguesa se repetia. Lenin foi taxativo para a jornalista alemã Clara Zetkin:
“PARECE-ME QUE ESTA SUPERABUNDÂNCIA DE TEORIAS SOBRE SEXO BROTA DO DESEJO DE JUSTIFICAR A PRÓPRIA VIDA SEXUAL ANORMAL OU EXCESSIVA DO INDIVÍDUO ANTE A MORALIDADE BURGUESA E REIVINDICAR TOLERÂNCIA PARA CONSIGO. NÃO IMPORTA QUÃO REBELDES E REVOLUCIONÁRIAS APARENTAM SER; ESSAS TEORIAS, EM ÚLTIMA ANÁLISE, SÃO COMPLETAMENTE BURGUESAS. NÃO HÁ LUGAR PARA ELAS NO PARTIDO, NA CONSCIÊNCIA DE CLASSE E NA LUTA PROLETÁRIA.”
Um artigo publicado pelo O Globo, em 2009, traz a realidade de um homossexual chinês. Ba Li fugiu do seu país comunista e contou como os gays são tratados pelo regime.
“OS HOMOSSEXUAIS SOFRERAM PERSEGUIÇÃO PÚBLICA, SEGREGAÇÃO SOCIAL, CASTIGOS FÍSICOS E PRISÃO DURANTE E DEPOIS DA REVOLUÇÃO CULTURAL, COMO PARTE DA LIMPEZA LANÇADA EM NÍVEL NACIONAL POR MAO TSÉ-TUNG CONTRA TODOS OS ELEMENTOS CONTRA-REVOLUCIONÁRIOS”. LEIA O RELATO COMPLETO.
O jornalista Rodrigo da Silva desnudou a perseguição aos gays em Cuba.
Lula e o ditador cubano Fidel Castro. |
Em Cuba não foi diferente. Em 1965, seis anos após tomar o poder na ilha, Fidel declarou ao jornalista norte-americano Lee Lockwood:
“NUNCA ACREDITEI QUE UM HOMOSSEXUAL PUDESSE ENCARNAR AS CONDIÇÕES E REQUISITOS DE CONDUTA QUE NOS PERMITE CONSIDERÁ-LO UM VERDADEIRO REVOLUCIONÁRIO, UM VERDADEIRO COMUNISTA. UM DESVIO DE SUA NATUREZA SE CHOCA COM O CONCEITO QUE TEMOS DO QUE UM COMUNISTA MILITANTE DEVE SER.”
No mesmo ano, ao lado de Che Guevara, ele criaria as “Unidades Militares de Ayuda a la Producción” – que no outro lado do mundo atendia pelo carinhoso nome de Gulag – acampamentos de trabalho agrícola com cercas de 4 metros de arame farpado, onde homossexuais e outros indivíduos contra-revolucionários realizariam trabalho forçado nos canaviais, dedicando suadas 16 horas de labuta para sustentar a bigodagem revolucionária, em condições tão degradantes quanto as encontradas nas concentrações nazistas – onde os gays também sofriam nas mãos do coletivismo, marcados por um triângulo rosa.
Penteados extravagantes, calças apertadas, camisas coloridas e “maneirismos efeminados” eram vistos como uma afronta ao estado cubano, ainda que as práticas privadas não fossem vistas como um tormento à revolução – a condenação residia na exibição pública da homossexualidade, no cubano que ousava se comportar nas ruas como um indivíduo livre, no gay que desafiava a formação do “novo homem” que o regime promovia.
As contradições da Manuela D’ávila não são novidade. A comunista sempre se arma ao ser confrontada sobre as defesas que o PCdoB faz e as ideias autoritárias enraizadas na ideologia que mais matou na história.
Os homossexuais que apoiam Manuela D’ávila e Fernando Haddad ainda não sabem, mas estão emprestando as costas como trampolim para políticos atrasados, desonestos, mal-intencionados e amantes do “poder pelo poder”. Serão, assim que não servirem mais aos interesses revolucionários, descartados como folhas de papel rabiscadas.
11 de dezembro de 2019
Everthon Garcia
Conservadorismo do Brasil
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