Entre as coisas que Bebianno disse ontem, nos Pingos nos Is:
essa tática de assassinar reputações de outras pessoas da direita já passou do limite
há um nível de agressividade nesses ataque que quebra todas as pontes
nem a esquerda, tipo PT e PSOL, briga neste nível em público
o mesmo pessoal que reclamou da reunião dele com a Globo nada falou de outras duas reuniões de ministros com a mesma emissora (duplo padrão)
bastaria ter feito uma ligação e demitido-o sumariamente que tudo estaria resolvido, sem precisar vazar áudio e chamar alguém falsamente de mentiroso
existem diversos outros casos de assassinatos de reputação até mesmo dentro do PSL
Algum leitor que acompanha o blog ou este perfil está surpreso? Espero que não, pois o modus operandi dessas milícias virtuais sempre foi denunciado por este blog.
Observe o que Marco Antonio Villa diz:
A fórmula daqueles que usam as milícias digitais é bem clara e começa com a adoção do populismo mais tosco, pois qualquer vítima de linchamento virtual é tratada como “aquele que está contra a vontade do povo”.
O poder de organizar as milícias, então, é o que define, de acordo com os cálculos de risco (pois alguns ataques são inviáveis), quem está ou não está “do lado do povo”. Isso facilita o uso de um discurso do desengajamento moral, que é dizer que “alguém teve o que mereceu” ou “causou o dano a si próprio” por “ter ficado contra o povo”.
O uso de líderes messiânicos – em termos intelectuais e políticos – serve para dar a alguns milicianos inspiração e motivação para ficarem lutando. Deve ficar claro que apenas uma minoria deles recebe algum tipo de benefício financeiro, direto ou indireto, como cargos, verbas, etc. Entre os principais formadores de opinião conectados às milícias virtuais, alguns recebem indicações, o que aumenta prestígio e $$$. Mas alguns ficam apenas recebendo moeda social, isto é, se sentem bem por estarem do lado dos que estão intimidado.
No fundo, a maior parte ganha mesmo apenas a sensação se serem “superiores” em relação aos demais. Por isso, sempre se declararão em nome de uma “moral superior”, mesmo que tenham comportamento de esgoto. Veremos gente se declarando participante da recuperação da “alta cultura” que, ao mostrar sua cultura aos outros, só passa vergonha.
O modelo adotado é o de cultos de fanáticos, mas em modelo virtual, portanto não se espera que cometam suicídio em massa, como no caso Jim Jones, mas o nível de fanatismo é quase isso. Acreditam que os líderes que seguem são muito superiores até a eles próprios, ficando acima de qualquer contestação. Por isso, não há noção de certo ou errado.
Nessas demandas, vale tudo, sem precisar negociar com ninguém, já que o jogo funciona na base da intimidação: “ou você concorda comigo ou te lincho virtualmente”.
O problema é que isso não se resolve tão fácil. Quem está achando que a retirada de uma figura assim do Planalto ou dos corredores de Brasília vai resolver o problema, está caindo em ilusão. Pode parecer que a desmoralização de Carlos Bolsonaro é suficiente para conter as milícias virtuais, mas a verdade é que elas seguirão aí, pois as identidades de luta estão formadas, as expectativas estão mantidas e o auto-engano com a ilusão de superioridade permanece incrustado em seus corações, além do fato de já estarem desconectadas da realidade (pois criaram uma realidade paralela).
Isso só se confronta com desmascaramento em larga escala. Se for para mitigar esse risco de disrupção da democracia em virtude do uso das milícias virtuais, o próximo passo deve ser o desmascaramento em larga escala. Caso contrário, seguirão causando danos, instabilidade, tentando impor suas ideias só pela intimidação e o medo e cada vez menos dispostas ao diálogo, bem como a correr ainda mais riscos.
23 de fevereiro de 2019
in ceticismo político
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