Esse negócio de “Mito” e “Super-Herói” é uma grande bobagem. O próprio Jair Bolsonaro reconhece que tem muitas limitações intelectuais e até criou a figura do “Posto Ipiranga”, porque realmente a coisa tem de funcionar assim. Quando o governante desconhece o assunto, é claro que precisa se consultar com quem sabe. No caso de Bolsonaro, cuja principal deficiência é o desconhecimento sobre economia, o problema é que está se aconselhando com a pessoa errada.
Bolsonaro talvez nem perceba, mas o núcleo duro do Planalto sabe muito bem que o ministro Paulo Guedes é defensor de ideias monetaristas ultrapassadas e está impondo ao país um modelo econômico que privilegia o mercado financeiro, sem maiores preocupações de ordem social, como se o neoliberalismo fosse capaz de resolver tudo sozinho, tipo a solução Tabajara de “seus problemas acabaram”, conforme temos advertido aqui. A piada é boa, mas as consequências são funestas.
HOMEM ERRADO – O núcleo duro do Planalto sabe que Guedes é o homem errado, no lugar errado e na hora errada. Basta conferir seu currículo, pois é banqueiro por vocação. Foi um dos fundadores do Banco Pactual e do grupo BR Investimentos, hoje parte do grupo Bozano. Guedes também fundou o Instituto Millenium, que dissemina o pensamento econômico liberal, num momento em que os países mais desenvolvidos do mundo caminham em sentido contrário, adotando a social-democracia.
Está na hora de Bolsonaro começar seu governo. Para tanto, é necessário planejar e estabelecer estratégias. E o presidente da República não pode, de forma alguma, delegar atribuição de governante a nenhum de seus ministros, seja ele quem for, conforme está acontecendo com Guedes.
Aliás, presidente jamais deve confiar incondicionalmente em ninguém. Por isso, Guedes não pode continuar a ter carta branca, não foi nele em quem votamos, é um estranho no nicho, não nos representa. Simples assim.
NÚCLEO DURO – Agora, já em plena recuperação de sua saúde, o presidente tem obrigação de reunir o núcleo duro do Planalto (Augusto Heleno, Hamilton Mourão, Onyx Lorenzoni, Santos Cruz e Floriano Peixoto) e perguntar ao grupo: “O que vocês acham? Estamos terminando o segundo mês, já pagamos R$ 180 bilhões de juros da dívida pública, e o ministro Guedes não dá uma palavra sobre o assunto?”
Um dos ministros há de comentar: “Ele se comporta como se a reforma da Previdência fosse solucionar todos os problemas do país…”
E algum outro certamente dirá: “É claro que isso não é verdade. Precisamos tratar da dívida pública. Em 2018, pagamos quase R$ 1,1 trilhão. Essa sangria não pode continuar.”.
###
P.S. 1 – É só isso que o presidente precisa fazer, para começar a governar. Na sequência, convocar Guedes para dar explicações ao núcleo duro. Ele vai gaguejar, desconversar, contar uma história sem pé nem cabeça, embromar à vontade, mas não apresentará nenhuma solução para a dívida. Assim, em pleno carnaval, a máscara de Guedes pode ser arrancada.
P.S. 1 – É só isso que o presidente precisa fazer, para começar a governar. Na sequência, convocar Guedes para dar explicações ao núcleo duro. Ele vai gaguejar, desconversar, contar uma história sem pé nem cabeça, embromar à vontade, mas não apresentará nenhuma solução para a dívida. Assim, em pleno carnaval, a máscara de Guedes pode ser arrancada.
P.S. 2 – A dívida interna deveria ser auditada, como ocorreu no Equador, onde o montante caiu em 70%, nenhum credor reclamou e os banqueiros não declararam a Terceira Guerra Mundial. Quanto aos rentistas aqui no Brasil, não terão prejuízos, suas aplicações apenas receberão um percentual de lucro mais civilizado, digamos assim.
P.S 3 – O que não pode acontecer é Guedes e o governo continuarem fingindo que a dívida não representa risco ao país e não pode ser revista. Esse procedimento é um crime de lesa-pátria, que fica muito feio para o primeiro governo militar democrático desta República. (C.N.)
26 de fevereiro de 2019
Carlos Newton
Nenhum comentário:
Postar um comentário