Na véspera do início da campanha eleitoral oficial, o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que anda com escolta de policiais federais até para ir na padaria por correr risco de morte no “nível máximo”. Mesmo assim, em meio ao relato da possível ameaça, demonstrou bom humor depois de participar de um encontro com pastores evangélicos em um hotel de Belo Horizonte, que foi fechado para a imprensa.
Autor de diversas polêmicas por causa de suas declarações, o presidenciável afirmou que vai dar uma “seguradinha” no período em que tenta chegar ao Palácio do Planalto.
SOB PROTEÇÃO – Bolsonaro disse que o carro que o conduziu ao local é da Polícia Federal e que está usando porque é lei. “Determinaram e eu, como bom capitão do Exército, cumpro. Vou na padaria com eles, porque, segundo um estudo que fizeram de um possível risco de morte aqui, o nível máximo sou eu”, afirmou.
O candidato afirmou não precisar de palanque para fazer campanha, por ser ‘notícia’, e brincou com os 15 segundos que terá no horário eleitoral de rádio e televisão. Tinha 8 segundos e passei a ter 15, era meio Enéias e passei a ser um. Já dá para dar um recado legal”.
NOVAS PIADAS – O candidato, que tem passado as últimas semanas dizendo que frases polêmicas pelas quais foi acusado de racismo e incitação ao estupro eram brincadeira, admitiu que vai mudar o tom dos discursos. Bolsonaro repetiu que vai dar uma ‘seguradinha’, mas que não vai “perder a alegria de contar piada”.
Questionado se adotaria o estilo paz e amor, usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na primeira eleição em que o petista chegou ao Planalto, Bolsonaro negou. “Não é paz e amor, vou continuar fazendo a mesma coisa, talvez polindo um pouco mais uma palavra ou outra.”
Ainda sobre a campanha, Bolsonaro afirmou que o ex-presidente Lula, que está em primeiro lugar nas pesquisas, não é capaz de transferir tantos votos quanto pensa. Os petistas esperam que ele possa transferir o potencial para o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddaad (PT), que vai assumir seu lugar se ele for impedido de concorrer.
CONSCIÊNCIA – “Voto não é propriedade de ninguém, é uma questão de consciência. Com Lula fora de combate muitos vão olhar para mim”, disse. O presidenciável acredita que a preferência pelo petista se diluirá.
Bolsonaro falou mais uma vez sobre a demissão da funcionária Walderice Santos da Conceição, que se desligou de sua equipe sob acusação de ser fantasma e vender açaí em Angra dos Reis enquanto deveria estar prestando serviços ao deputado como contratada da Câmara.
“Ela pediu demissão chorando e foi muito chato isso aí, mas podem ter certeza que vou arranjar algo não só para ela sendo presidente, vou arranjar para milhões de brasileiros”, disse. Bolsonaro voltou a negar que a funcionária fosse fantasma e se referiu ao episódio como um “tremendo furo” que descobriram dele.
O PROGRAMA – Bolsonaro também comentou alguns pontos do programa de governo que entregou ao Tribunal Superior Eleitoral. O candidato disse que vai desburocratizar o país e desregulamentar muita coisa. “Abrir uma empresa leva 90 dias. No meu entender não tem que levar mais do que 10, que é a média mundial”.
Ele também reafirmou que vai manter o Bolsa Família, mas tirando a maioria dos atendidos que, para ele, estão no programa por fraude.
Questionada sobre o risco de morte do candidato Jair Bolsonaro, a Superintendência de Polícia Federal respondeu apenas que “conforme previsão legal, a PF atua na segurança dos candidatos à presidência, com o objetivo de viabilizar o exercício democrático da escolha do novo chefe do executivo”.
16 de agosto de 2018
Juliana Cipriani
Estado de Minas
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