"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 31 de julho de 2018

EM BUSCA DE PRESTÍGIO E PARTICIPAÇÃO, OS MILITARES ACOMPANHAM A CENA ELEITORAL

Resultado de imagem para frankenstein politico charges
Charge do André (Arquivo Google)
Desde a eleição indireta de 1985, a cúpula do poder militar nunca esteve tão atenta a uma corrida presidencial quanto na disputa deste ano. Depois de perder prestígio nas três décadas posteriores ao fim da ditadura, as Forças Armadas enxergam uma oportunidade de recuperar influência institucional e política.
Integrantes da ativa e da reserva monitoram o que classificam como um ambiente de instabilidade em torno da eleição. A deterioração dos partidos e de líderes políticos na crise aberta pela Lava Jato faz com que parte deles projete a continuidade dessa tensão mesmo com a formação do novo governo em 2019.
CONTRARIEDADE – É especialmente indisfarçável a contrariedade de figurões da caserna com a esquerda e com o ex-presidente Lula. A quase soltura do petista há três domingos e o protesto do grupo que jogou tinta vermelha no Supremo são tratados (exageradamente) como articulações perigosas.
O primeiro passo desta nova etapa da marcha política dos militares foi dado em abril. Não foi acidente a mensagem pública em que o comandante do Exército, general Villas Boas, manifestou “repúdio à impunidade” na véspera do julgamento do habeas corpus de Lula no STF.
Desde então, Villas Boas recebeu dez pré-candidatos à Presidência. Só não esteve com Guilherme Boulos (PSOL), que declarou que não aceitaria o convite. A prática é incomum: em 2014, o comandante Enzo Peri não incluiu na agenda nem um cafezinho com postulantes ao Planalto.
ALINHAMENTO – Na ponte que liga os quartéis aos palácios, observa-se um alinhamento nítido entre a tropa e Jair Bolsonaro (PSL), que vai além do discurso de repulsa à corrupção. Os militares, que subiram degraus no governo Michel Temer, ganhariam mais peso ao lado de um ex-colega de farda.
Não há zumbido de golpe no topo da hierarquia. As prioridades são um orçamento polpudo para reequipar as Forças, uma blindagem à Previdência das tropas e espaços no poder. Depois que Temer instalou dois militares em seu ministério, não se cogita bater em retirada.

31 de julho de 2018
Bruno Boghossian
Folha

Nenhum comentário:

Postar um comentário