Como o assunto é importantíssimo e a grande mídia não se interessa, vamos voltar a ele. O golpe que a gestão de Pedro Parente armou contra a Petrobras deveria ser o assunto principal do país, neste momento, suplantando em muito a sucessão presidencial, a corrupção epidêmica e a crise eterna da segurança pública, entre outras mazelas. Mas o assunto não frequenta as páginas dos jornais, cujos analistas desconhecem em profundidade a questão e não lhe dão a devida importância, julgam que se trata de mais um enfrentamento entre estatizantes e privatizantes.
Na verdade, o problema é muito mais grave, significa uma ameaça direta à segurança nacional, e o silêncio sobre o assunto só pode ser proposital. Não foi por mera coincidência que o projeto Aleluia teve aprovação pela Câmara na calada da noite, com rótulo de “urgente” e sem passar pelo crivo das comissões técnicas, em plena Copa do Mundo, vejam o profissionalismo que marca este golpe aplicado contra o Brasil pelo próprio Conselho Administrativo da Petrobras, que é pago para zelar pelos interesses nacionais.
SILÊNCIO TOTAL – A grande mídia, que se encontra em avançado processo de falência, é é direta ou indiretamente bem paga para silenciar sobre o assunto, não há outra explicação. Como pode ser aprovado sem debate um projeto parlamentar que envolve interesses da ordem de US$ 1 trilhão, valor equivalente à dívida pública que está aniquilando o Brasil e impede seu desenvolvimento?
Como uma proposta deste nível pôde ser aprovada sem passar pelas comissões técnicas da Câmara e sem que a Polícia Federal e a Guarda Nacional fossem acionadas para algemar os responsáveis por este crime contra a nação? Ou esse grande golpe vai acabar em pizza, sem que ninguém seja responsabilizado?
Os números são estarrecedores. Poucos países do mundo (o Brasil, apesar de tudo, ainda é a nona economia) sabem o que significa US$ 1 trilhão, equivalente a R$ 3,7 trilhões, o total exato da dívida pública brasileira no final de junho.
IDIOTA COMPLETO – O projeto Aleluia foi aprovado numa manobra do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é um idiota completo, nada entende de economia e não levou um tostão, bastou dizerem a ele que a proposta era contra os estatizantes defensores da Petrobras e ele logo aderiu à “causa liberalizante”.
A proposta permite a venda de 70% das reservas da Petrobrás obtidas pela chamada Cessão Onerosa (o que pode representar até 3,5 bilhões de barris). E vai possibilitar, também, a entrega do petróleo do excedente da Cessão Onerosa, avaliado entre 9 e 14 bilhões de barris.
No total, está se tratando de riqueza potencial de mais de US$ 1 trilhão, estimando-se o barril de óleo a US$ 70, que a Petrobras extrai pelo custo de ridículos 8 dólares no pré-sal, rivalizando com o Oriente Médio, que extrai a 7 dólares em alguns campos.
TRADUÇÃO SIMULTÂNEA – Para quem não conhece o ramo, é preciso esclarecer. Segundo a Agência Internacional de Energia, os custos de exploração e desenvolvimento variam entre 7 e 35 dólares por barril.
O petróleo extraído no Oriente Médio apresenta o menor custo (7 dólares), enquanto o óleo não-convencional produzido nos EUA (xisto) apresenta o custo mais elevado (35 dólares). O óleo de águas profundas apresenta um custo intermediário, de cerca de 18 dólares por barril. Mas a Petrobras já extrai a 8 dólares (ou 7 dólares, dependendo do câmbio), como se o Brasil fosse a Arábia Saudita do Século XXI. Pense nisso.
NAS MÃOS DO SENADO – O projeto foi criminosamente aprovado na Câmara, em regime de urgência, sem passar pelas Comissões Técnicas, praticamente sem debates, na calada da noite, em plena euforia da Copa do Mundo.
Agora, foi encaminhado ao Senado para ser votado após o recesso. Espera-se que o presidente Eunício de Oliveira (MDB-CE) tenha um ataque de bom senso e faça esta proposta tramitar pelas comissões técnicas. Eunício precisa lembrar que foi iniciado na política pelo sogro Paes de Andrade, um deputado que fez carreira defendendo os interesses nacionais. Sempre foi um ferrenho integrante do “MDB Autêntico”, a ala comandada por dr. Ulysses Guimarães.
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P. S. – Como dizia nosso amigo Carlos Chagas, o episódio da visita que Paes de Andrade fez à sua terra, Mombaça, no exercício da Presidência da República, é um episódio menor na trajetória do deputado cearense. Ele deve ser lembrado pela defesa dos interesses nacionais. Na ditadura militar, Paes de Andrade chegou a ser cassado, mas ao redigirem o Ato Institucional, escreveram deputado “Vaz de Andrade”. O presidente da Câmara, Auro Moura Andrade, se fingiu de distraído e não houve a cassação. Mas isso é outra história. (C.N.)
P. S. – Como dizia nosso amigo Carlos Chagas, o episódio da visita que Paes de Andrade fez à sua terra, Mombaça, no exercício da Presidência da República, é um episódio menor na trajetória do deputado cearense. Ele deve ser lembrado pela defesa dos interesses nacionais. Na ditadura militar, Paes de Andrade chegou a ser cassado, mas ao redigirem o Ato Institucional, escreveram deputado “Vaz de Andrade”. O presidente da Câmara, Auro Moura Andrade, se fingiu de distraído e não houve a cassação. Mas isso é outra história. (C.N.)
31 de julho de 2018
Carlos Newton
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