Reação do MST à ordem de prisão de Lula da Silva evidencia quem está do lado da baderna
A reação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) à ordem de prisão do sr. Lula da Silva evidencia uma vez mais quem está do lado da lei – do lado do Estado Democrático de Direito – e quem está do lado da baderna. Até ontem, a Polícia Federal havia confirmado a interdição de 18 trechos de rodovias federais em 11 Estados por bloqueios dos militantes do MST. Segundo um dos coordenadores do movimento, Alexandre Conceição, a ideia é bloquear 50 estradas em 24 Estados. Foi ele quem anunciou recentemente que haveria “porrada, guerra e luta” em defesa do demiurgo de Garanhuns.
João Pedro Stédile, o baderneiro-mor do MST, também saiu a campo para conclamar seus militantes a protestarem contra o que ele chamou de “golpe do Poder Judiciário”. Segundo Stédile, “Lula não cometeu nenhum crime, mas eles querem prendê-lo para tirá-lo da campanha eleitoral”. Para ele, “o único juiz verdadeiro do Lula deve ser o povo”.
A contradição do discurso é evidente. O MST protesta contra o golpe que estaria em curso no País, isto é, afirma que “os interesses do capital internacional, somados aos interesses do capital nacional”, estão desrespeitando as leis e as instituições, mas ele mesmo não tem nenhum pudor em proclamar que Lula está acima da lei e das instituições, que só o povo poderia julgá-lo.
O motivo para a imunidade lulista é claro. “Lula é maior que o PT, que a esquerda. Ele é a síntese da classe trabalhadora”, disse João Pedro Stédile, para arrematar que “prender Lula é prender o povo”.
Esse discurso do MST, que a cada dia comove menos gente, seria apenas ridículo, se o movimento não fosse violento. Não se conformando em anunciar ideias antidemocráticas, esses desordeiros querem impor tais ideias, uma vez mais, com os bloqueios das rodovias e a pregação da baderna e da violência. É uma estranha visão de mundo, na qual a liberdade dos outros é vista como inimiga e opressora. Para dar remédio ao suposto problema, está Stédile, com seu exército, pronto para bloquear, invadir, depredar, como tantas vezes se viu na história do MST.
Como é evidente, a prisão de um condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro nada tem a ver com a reforma agrária, que seria, em tese, a razão de existir do MST. Além de confirmar uma vez mais que a finalidade do movimento é política, o estrebucho do MST pelo encontro de Lula com as consequências legais de seus atos manifesta uma manipulação do discurso social. Usa-se a causa da reforma agrária para defender que um político condenado por corrupção não vá para a cadeia.
Ninguém pode alegar ignorância quanto à verdadeira face do MST. Um movimento que se diz progressista e preocupado com as causas sociais emprega todas as suas forças para defender que Lula da Silva tem o direito de receber favores, no caso um apartamento triplex à beira-mar, de uma empreiteira interessada em contratos com o governo federal e suas estatais. Certamente não deve ser fácil convencer a militância a apoiar esse tipo de causa.
O momento pede serenidade, como lembrou a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, no início da semana. O ex-presidente Lula da Silva exerceu, em todas as instâncias judiciais, o seu direito de defesa. Na quarta-feira passada, o STF rejeitou, depois de um longo julgamento, o habeas corpus impetrado pelos advogados do líder petista, assentando que o ex-presidente está sujeito aos efeitos da condenação em segunda instância, como qualquer outro cidadão na mesma situação.
Também não contribuem para a serenidade do País comentários como o do ministro do STF Gilmar Mendes, qualificando de “absurda” a ordem de prisão do juiz Sérgio Moro ao ex-presidente Lula. Voto vencido no julgamento de quarta-feira passada, Gilmar Mendes disse, em Lisboa, referindo-se a colegas de plenário, que “foram péssimas indicações para o Supremo. Pessoas que não eram conhecidas foram indicadas, não tinham formação, não tinham pedigree”. Serenidade e respeito à lei convêm a todos.
10 de abril de 2018
Editorial Estadão
A reação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) à ordem de prisão do sr. Lula da Silva evidencia uma vez mais quem está do lado da lei – do lado do Estado Democrático de Direito – e quem está do lado da baderna. Até ontem, a Polícia Federal havia confirmado a interdição de 18 trechos de rodovias federais em 11 Estados por bloqueios dos militantes do MST. Segundo um dos coordenadores do movimento, Alexandre Conceição, a ideia é bloquear 50 estradas em 24 Estados. Foi ele quem anunciou recentemente que haveria “porrada, guerra e luta” em defesa do demiurgo de Garanhuns.
João Pedro Stédile, o baderneiro-mor do MST, também saiu a campo para conclamar seus militantes a protestarem contra o que ele chamou de “golpe do Poder Judiciário”. Segundo Stédile, “Lula não cometeu nenhum crime, mas eles querem prendê-lo para tirá-lo da campanha eleitoral”. Para ele, “o único juiz verdadeiro do Lula deve ser o povo”.
A contradição do discurso é evidente. O MST protesta contra o golpe que estaria em curso no País, isto é, afirma que “os interesses do capital internacional, somados aos interesses do capital nacional”, estão desrespeitando as leis e as instituições, mas ele mesmo não tem nenhum pudor em proclamar que Lula está acima da lei e das instituições, que só o povo poderia julgá-lo.
O motivo para a imunidade lulista é claro. “Lula é maior que o PT, que a esquerda. Ele é a síntese da classe trabalhadora”, disse João Pedro Stédile, para arrematar que “prender Lula é prender o povo”.
Esse discurso do MST, que a cada dia comove menos gente, seria apenas ridículo, se o movimento não fosse violento. Não se conformando em anunciar ideias antidemocráticas, esses desordeiros querem impor tais ideias, uma vez mais, com os bloqueios das rodovias e a pregação da baderna e da violência. É uma estranha visão de mundo, na qual a liberdade dos outros é vista como inimiga e opressora. Para dar remédio ao suposto problema, está Stédile, com seu exército, pronto para bloquear, invadir, depredar, como tantas vezes se viu na história do MST.
Como é evidente, a prisão de um condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro nada tem a ver com a reforma agrária, que seria, em tese, a razão de existir do MST. Além de confirmar uma vez mais que a finalidade do movimento é política, o estrebucho do MST pelo encontro de Lula com as consequências legais de seus atos manifesta uma manipulação do discurso social. Usa-se a causa da reforma agrária para defender que um político condenado por corrupção não vá para a cadeia.
Ninguém pode alegar ignorância quanto à verdadeira face do MST. Um movimento que se diz progressista e preocupado com as causas sociais emprega todas as suas forças para defender que Lula da Silva tem o direito de receber favores, no caso um apartamento triplex à beira-mar, de uma empreiteira interessada em contratos com o governo federal e suas estatais. Certamente não deve ser fácil convencer a militância a apoiar esse tipo de causa.
O momento pede serenidade, como lembrou a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, no início da semana. O ex-presidente Lula da Silva exerceu, em todas as instâncias judiciais, o seu direito de defesa. Na quarta-feira passada, o STF rejeitou, depois de um longo julgamento, o habeas corpus impetrado pelos advogados do líder petista, assentando que o ex-presidente está sujeito aos efeitos da condenação em segunda instância, como qualquer outro cidadão na mesma situação.
Também não contribuem para a serenidade do País comentários como o do ministro do STF Gilmar Mendes, qualificando de “absurda” a ordem de prisão do juiz Sérgio Moro ao ex-presidente Lula. Voto vencido no julgamento de quarta-feira passada, Gilmar Mendes disse, em Lisboa, referindo-se a colegas de plenário, que “foram péssimas indicações para o Supremo. Pessoas que não eram conhecidas foram indicadas, não tinham formação, não tinham pedigree”. Serenidade e respeito à lei convêm a todos.
10 de abril de 2018
Editorial Estadão
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