"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

FRACASSO DO GRUPO LIVRES MOSTRA QUE O JOGO POLÍTICO É PARA PROFISSIONAIS


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Bivar usa Bolsonaro para salvar seu partido
Acabou-se o que era doce. Pelo menos para o Livres, um dos grupos que sonhavam despontar como novidade em 2018. Com discurso liberal, a turma apostou num atalho para encurtar o caminho das urnas. Em vez de criar um novo partido, negociou um casamento de conveniência com o nanico PSL. Na hora do “sim”, apareceu outra noiva. Era o deputado Jair Bolsonaro.
“É com extremo pesar que comunicamos a saída do Livres do Partido Social Liberal”, lacrimejou o grupo, em comunicado divulgado na última sexta-feira. Não havia muita opção. Para quem tenta se apresentar como o novo, seria suicídio ficar ao lado de um refugo da ditadura militar.
MAIOR DOTE – O PSL preferiu trocar alianças com quem oferecia o maior dote. Em segundo lugar nas pesquisas, Bolsonaro prometeu levar um caminhão de votos. Isso pode garantir a sobrevivência da sigla, ameaçada de perder o dinheiro do fundo partidário.
Pior para o Livres, que havia apostado tudo na tática da barriga de aluguel. O grupo assumiu 12 diretórios do PSL e esperava ocupar a legenda por dentro até mudar seu nome e estatuto. Tudo certo, mas foi ingenuidade acreditar que o dono do PSL entregaria o partido de mão beijada.
O Livres confiou na palavra de Luciano Bivar, um dublê de empresário e cartola de futebol conhecido como o Eurico Miranda do Nordeste. Ex-deputado, ele integrou a bancada da bola, especializada em barrar investigações contra a cúpula da CBF.
EX-PRESIDENCIÁVEL – Em 2006, Bivar disputou o Planalto com propostas amalucadas, como instalar um quartel em cada favela. Teve apenas 0,06% dos votos. Em 2014, ele apoiou Marina Silva. Quatro anos depois, diz ter “total comunhão de pensamentos” com Bolsonaro. Se o acordo desandar, pode reaparecer ao lado de Lula, Alckmin ou Eymael.
O tombo do Livres é um alerta para outros grupos que tentam entrar na política em parceria com velhos caciques. Num país em que os partidos funcionam como cartórios, o jogo eleitoral é coisa para profissionais.

10 de janeiro de 2018
Bernardo Mello Franco
Folha

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