"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

OUVIDOR DENUNCIA CORRUPÇÃO NA FUNAI E CHAMA DE 'CANALHAS' AS ONGS DA ÁREA

Ouvidor diz que as ONGs ‘exploram’ a causa indígena
Em uma reunião gravada entre diretores e servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio), o ouvidor do órgão, Marcelo Augusto Xavier da Silva, que é delegado da Polícia Federal, afirmou que ONGs são “canalhas”, que a Funai faz “mal” para o índio e que os servidores têm “comprometimento ideológico”. Silva também sugeriu “expropriar” bens de servidores e de ONGs.
No cargo desde agosto, o ouvidor foi assessor da bancada ruralista na CPI da Funai e do Incra e, conforme a Folha revelou na quinta-feira (23), solicitou em ofício à PF “providências persecutórias” contra índios e ONGs de Mato Grosso do Sul.
QUEIXA DE SERVIDORES  – A gravação de quase uma hora, à qual a Folha teve acesso, foi entregue à PGR (Procuradoria Geral da República) junto com uma queixa assinada por servidores da Funai. O assunto está sob análise na 6ª Câmara da PGR.
A reunião ocorreu em 11 de setembro na sede do órgão, em Brasília. Um grupo de 14 servidores pediu explicações sobre mudanças na Diretoria de Proteção Territorial.
No encontro, Silva disse que servidores do órgão deveriam ser investigados por conexão com ONGs. “Quebra o sigilo fiscal e bancário e fiscal de uma ONG… Eu tenho os laudos, ver o que esses canalhas, canalhas, movimentam, dá mais que o orçamento da Funai. E os índios estão morrendo. Isso é defesa do índio?”, disse o delegado da PF.
IDEOLOGIAS – O ouvidor disse enxergar “comprometimento ideológico” dos servidores. “Quem paga na ponta todo o mal que está sendo feito aqui dentro são os indígenas. Continuam sendo manipulados, continuam sendo utilizados como massa de manobra.”
Silva disse que, se os índios fossem indagados nas aldeias, diriam que não recebem “nada” de ONGs que movimentam “quase o recurso anual da Funai”.
“Tem que pegar esse cara dessa ONG e expropriar todos os bens dele, quebrar o sigilo dele, ver quem são os servidores que têm contato aqui dentro [com a ONG] e expropriar tudo para indenizar esses índios, que são uns coitados que estão lá, morrendo.”
NADA MUDOU – “E essa política indigenista faz mais de dez anos que é assim. Não se avançou em nada. Mas meu Deus, se aumentou a mortalidade de índios. Nós vamos para onde? Então a política é para matar?”
A fala gerou reação dos servidores. Um deles, com mais de 30 anos de casa, disse ao delegado que ele não deveria generalizar. “O senhor pode saber de polícia, mas de Funai o senhor não entende absolutamente nada. Muito grosseira a sua fala.”
Outra servidora indagou como o ouvidor poderia dizer que o órgão estava “fazendo mal” aos índios. “Acho que isso é ofensivo, o senhor está há 30 dias aqui dentro, tem que achar uma forma mais adequada de comunicação”. O ouvidor então recuou, dizendo. “Se a senhora achou que foi ofensivo, me desculpe, falei em questões genéricas por ter visto e conhecido o que se passa por trás dessas ONGs. Eu tenho os laudos de quebra de sigilo bancário e fiscal”, disse o delegado.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A matéria é interessante e importante, mas faltou apurar a que ONG o ouvidor estava se referindo. Seria fundamental o aprofundamento dessa questão, porque há muita mutreta de ONGs envolvendo a defesa do meio ambiente e a chamada questão indígena. (C.N.)

27 de novembro de 2017
Rubens ValenteFolha

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