O recurso do presidente Michel Temer, apresentado pelo advogado Mariz de Oliveira para bloquear de plano a nova denúncia criminal, ao contrário do que pretendia, ampliou sua derrota no Supremo Tribunal Federal. Este aspecto tem grande importância política, porque na primeira representação de Rodrigo Janot o processo foi encaminhado à Câmara Federal pelo despacho monocrático do Ministro Edson Fachin. Agora, esta semana, a nova representação foi homologada por grande maioria de votos. O recurso de Mariz de Oliveira, ao contrário do que previa, causou efeito absolutamente contrário. Com isso, agravou-se o quadro que envolve Michel Temer e inclui os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, acusados de terem recebido 13,3 milhões de reais da Odebrecht.
O assunto foi manchete de O Globo, Folha de São Paulo,O Estado de São Paulo e o Valor, edições desta quinta-feira. No Globo, reportagens de Carolina Brígido e Vinicius Sassine focalizam os dois ângulos mais críticos do processo em curso. Com uma agravante: a nova Procuradora Geral da República, Raquel Dodge entregou memorial a todos os ministros da Corte Suprema apoiando a iniciativa de seu antecessor, Rodrigo Janot. O Ministro Gilmar Mendes ficou solitário ao lado da tese de Mariz de Oliveira.
O resultado da votação iniciada na quarta-feira vai influir fortemente na dificuldade que o Presidente da República terá de negociar novamente com a Câmara dos Deputados a obstrução do processo penal contra si mesmo.
DIFICULDADE – Para acentuar esta dificuldade destacam-se dois fatos incluídos no debate. O primeiro, objeto de reportagem de Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro, Valor, revela que a base aliada do governo na Câmara ameaça romper com o governo se Michel Temer aceitar o veto do Ministro Henrique Meirelles ao projeto que reescalona as dívidas tributárias de empresas rurais e urbanas. Trata-se da medida provisória 783 que se encontra em tramitação. Dificuldade à vista para o Governo.
O segundo aspecto que vale ser ressaltado é o fato de o Ministro Alexandre de Moraes, nomeado recentemente por Temer, ter votado contra o recurso do advogado Mariz de Oliveira, que se tornou também um grande derrotado no Plenário da Corte Suprema.
Portanto, Michel Temer encontrará pela frente obstáculos políticos mais consolidados do que aqueles que marcaram o desfecho da primeira denúncia.
IMPOPULARIDADE – Por falar em dificuldade, pesquisa da MDA encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes, objeto de reportagem de Bruno Peres e Lucas Marchesini, Valor de quarta-feira, aponta uma grande impopularidade de Michel Temer uma vez que 75% da população classifica seu desempenho como negativo, enquanto apenas 4% consideram positivo. Para 94% da opinião pública, o Brasil encontra-se em crise política.
Para as eleições de 2018, Lula lidera com 32% contra 19,4 pontos de Jair Bolsonaro. Um dado que vale a pena ser estudado está na disposição de 19% estarem dispostos a anular o voto ou votar em branco. A pesquisa que alterna Geraldo Alckmin e João Dória aponta 9,4% para o Prefeito e 8,7 para o governador de São Paulo. No panorama geral, Marina Silva surge com 12%.
Este é o quadro atual e seu reflexo na disposição de votar. Vamos aguardar as pesquisas do Ibope e do Datafolha.
22 de setembro de 2017
Pedro do Coutto
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