Levantamento feito pelo Metrópoles aponta que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS poderia facilmente se chamar CPI do Ministério Público Federal ou mesmo dos órgãos de controle do Brasil. Isso porque, dos 118 requerimentos que constavam na pauta da última reunião do colegiado, realizada na quinta-feira (DIA 21), ao menos metade pedia informações ou convocações de membros dessas instituições.
São cerca de 60 requerimentos voltados para integrantes do MPF, da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e até do Tribunal de Contas da União (TCU). Aparecem ainda na lista convocações para a Receita Federal, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e do Banco Central.
INTENÇÃO CLARA – O restante dos pedidos se refere a investigados da JBS e representantes de instituições que possam ter sido lesadas ou participado indiretamente dos crimes que envolvem a empresa, como o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal e a Petrobras. Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), os números deixam claro a intenção da CPMI.
“Eles querem atacar as delações e o próprio MP. A intenção é livrar os políticos que aparecem na Lava Jato, lançando suspeitas sobre a atuação de Janot e seu grupo, podendo, assim, alterar a lei que trata das delações”, diz Randolfe Rodrigues.
Ainda de acordo com o senador, menos de 10% dos requerimentos são dirigidos aos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, e demais executivos da empresa.
RECURSO AO STF – Alegando que a CPI busca uma retaliação ao Ministério Público Federal, Randolfe Rodrigues entrou, na quarta-feira (20), com pedido no Supremo Tribunal Federal para que os trabalhos da comissão sejam suspensos enquanto houver “convocações que querem calar o MPF”. A ação ainda não foi analisada pelo relator, ministro Dias Toffoli.
Para o relator da CPI, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), o colegiado pretende apenas passar a limpo o acordo firmado entre a Procuradoria-Geral da República e os irmãos Batista, porque “já está na hora de investigar quem nos investigou”.
“Eu considero escandaloso esse acordo de colaboração premiada da PGR e o grupo JBS. Eu não acho normal eles [Wesley e Joesley] terem conquistado perdão total no primeiro momento. Por isso eu quero investigar, aprofundar nas discussões”, alega Marun.
DESISTÊNCIAS – A CPI da JBS foi tirada do papel no último dia 5, depois que o então procurador-geral da República Rodrigo Janot passou a investigar a delação premiada dos irmãos Batista. Na semana passada, quatro senadores – Ricardo Ferraço (PSBD-ES), Cristovam Buarque (PPS-DF), Dário Berger (PMDB-SC) e Otto Alencar (PSD-BA) – deixaram a comissão após Carlos Marun ser eleito relator.
O nome de Marun foi uma exigência do PMDB, partido que tem mais cadeiras no Congresso Nacional. Porém, o deputado é apontado por oposicionistas como um “instrumento” do Palácio do Planalto para atacar os delatores da JBS e Janot.
Formalmente, a comissão tem o objetivo de investigar contratos da empresa com o BNDES e o acordo de delação premiada firmado entre os irmãos Batista e o Ministério Publico Federal.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Os quatro senadores erraram ao abandonar a CPI. Melhor teriam feito se ficassem, para denunciar qualquer irregularidade que fosse tentada. Agora, podem ser substituídos por elementos ligados ao governo e que integram a chamada bancada da corrupção, que está decidida a inviabilizar a Lava Jato. (C.N.)
24 de setembro de 2017NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Os quatro senadores erraram ao abandonar a CPI. Melhor teriam feito se ficassem, para denunciar qualquer irregularidade que fosse tentada. Agora, podem ser substituídos por elementos ligados ao governo e que integram a chamada bancada da corrupção, que está decidida a inviabilizar a Lava Jato. (C.N.)
Deu no site Metrópoles
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