"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

"É COMO ACREDITAR EM CONVERSA DE BÊBADO", DIZ JOESLEY SOBRE A GRAVAÇÃO

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Depoimento começa a vazar, mas faltam detalhes
O empresário Joesley Batista, um dos donos da holding J&F, disse nesta quinta-feira (dia 7), em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), que acreditar no conteúdo da conversa gravada entre ele e o diretor de Relações Institucionais do grupo, Ricardo Saud, é como acreditar em uma “conversa de bêbados”. Joesley, Saud e o advogado da empresa, Francisco de Assis e Silva, prestaram depoimento na sede da PGR em Brasília para esclarecer o teor do áudio, que aponta omissão de informações dos três delatores aos investigadores da Lava Jato.
Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, dependendo do resultado da investigação, os benefícios oferecidos a Joesley Batista e outros delatores poderão ser cancelados.
ENVOLVENDO O STF – O depoimento desta quinta-feira também atende a pedido da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, de investigar falas dos delatores envolvendo ministros da Corte.
Na conversa, Joesley e Saud discutem como gravar o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo para ele “entregar” ministros do STF, o que poderia reforçar a delação dos executivos. Fontes com acesso aos depoimentos informaram à TV Globo que Joesley disse nesta quinta que acreditar no audio é como acreditar em dois bêbados dizendo que a Coreia do Norte vai invadir os EUA.
Ainda de acordo com essas fontes, Joesley inocentou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de qualquer atitude ilegal e também negou qualquer irregularidade em seu contato com o ex-procurador da República Marcelo Miller, que foi assessor de Janot.
ATUAÇÃO DE MILLER – O audio levantou suspeitas de que Miller teria ajudado os executivos da J&F nas negociações para fechar o acordo de delação premiada. O procurador, que atuou na Lava Jato, deixou a PGR em abril deste ano e, uma semana depois, começou a trabalhar em um escritório de advocacia que atuou no acordo de leniência da J&F.
Joesley admitiu no depoimento que se encontrou com Miller em fevereiro deste ano, mas que tinha sido informado que ele já havia pedido exoneração. O pedido realmente ocorreu em fevereiro, mas Miller só deixou o órgão em abril.
No acordo com a PGR, Joesley e outros executivos apresentaram provas para incriminar políticos, entre eles o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e, em troca, receberam benefícios, entre eles a imunidade (garantia de que os delatores não seriam denunciados criminalmente), que foram duramente criticados.
TRANSPARÊNCIA – Joesley, ainda de acordo com as fontes, negou que gravação tenha sido entregue por engano e afirmou que foi uma iniciativa de transparência.
Em nota, a J&F informou nesta quinta-FEIRA que “não é possível fornecer detalhes” dos depoimentos prestados por Joesley, Saud e Silva “em razão de sigilo.” “O empresário e os executivos continuam à disposição para cooperar com a Justiça”, diz a nota.
A gravação que pode levar à anulação dos benefícios dos delatores da J&F foi feita, aparentemente por descuido, no dia 17 de março. Na conversa que dura quatro horas, Joesley Batista e Ricardo Saud falam de uma suposta atuação do ex-procurador da República Marcelo Miller para ajudá-los a fechar a delação, que acabou garantindo a eles imunidade penal. À época, Miller ainda trabalhava no Ministério Público.
TRECHO IMPORTANTE – Em um dos trechos da gravação que está sendo investigada pela PGR, Joesley Batista relata ao diretor de Relações Institucionais que Marcelo Miller incentivou o procurador-geral da República a fechar acordo de delação premiada com os executivos da J&F.
O dono da JBS ressalta ainda a importância de eles se aproximarem de Miller para “chegar no Janot” e, com isso, negociarem a delação premiada com imunidade penal, que assegurou que os delatores da empresa não seriam denunciados pelo Ministério Público.
No bate-papo, Ricardo Saud também conta que Marcelo Miller repassava informações a Janot por meio de um “amigo em comum”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
 Existe um ditado dúbio dizendo que “Deus (ou o diabo) mora nos detalhes”. Este novo depoimento de Joesley Batista e dos executivos da JBS é fundamental, mas falta ser revelados os detalhes. Por enquanto é só um aperitivo na conversa de bêbados, mas está limpando a barra de Rodrigo Janot. Vamos aguardar. (C.N.)

08 de setembro de 2017
Camila Bomfim
TV Globo, Brasília

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