Um dia depois de estourar o novo escândalo na delação premiada de Joesley Batista que pode colocar o acordo em risco, foi instalada na tarde desta terça-feira a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a delação chancelada pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot.
O presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), afirmou que deixará a escolha do relator para a próxima semana, pois ainda não teve a chance de conversar com as lideranças sobre indicações, mas o mais cotado é o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos líderes da tropa de choque do presidente Michel Temer na Câmara.
COINCIDÊNCIA – O senador Ataídes fez o pedido de abertura da comissão em maio, quando foram vazadas gravações de Michel Temer com Joesley Batista, da JBS, e afirmou hoje ser uma coincidência a comissão ser aberta apenas depois do procurador-geral Rodrigo Janot anunciar a abertura do procedimento para revisar delação da JBS, mas retratou a declaração.
“Por se tratar de uma comissão mista, ela tem que ser criada pelo Congresso. Os líderes precisaram recolher as assinaturas para a criação para que depois o presidente da Câmara pudesse ler e abrir a comissão, o que coincidiu com a data atual”.
Ataídes também determinou que a comissão faça duas reuniões semanais às terças e quartas à tarde. O próximo encontro ficou marcado para a próxima terça-feira para que os líderes pudessem indicar o relator e o plano de trabalho fosse definido, e em seguida os requerimentos sejam votados.
DEPOENTES – O parlamentar afirmou que irá convocar Joesley e Wesley Batista,o ex-procurador Marcelo Miller e os ex-presidentes do BNDES Demian Fiocca e Luciano Coutinho, para prestar informações sobre a delação e transações do banco com as empresas do grupo J&F.
Questionado sobre a indicação de Marun, Ataídes afirmou que há uma movimentação para que o deputado seja escolhido, mas ainda não há nada certo.
“Pelo regimento, eu posso escolher o relator, mas quero conversar com as lideranças antes. Como a presidência da comissão ficou para o Senado, é natural que um deputado assuma a relatoria, contanto que seja uma pessoa independente e competente para o trabalho. Se o Marun não foi independente, não será escolhido. Acredito que na segunda-feira já teremos definido o relator e na terça votamos os requerimentos para convocar os irmãos Batista para depor”, afirmou.
CAIADO DE VICE – Ataídes foi escolhido como presidente da comissão por votação, com a posição de vice sendo ocupada pelo senador Ronaldo Caiado (DEM-GO)
“Essa comissão não é para alimentar o esquema de retaliação contra Joesley Batista e a Lava-Jato. O objetivo é investigar eventuais fraudes” — declarou Ataídes ao abrir a sessão.
Entre os requerimentos, está a convocação do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e de Luciano Coutinho, ex-presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), segundo alvo da CMPI, feita pelo senador Lasier Martins (PSD-RS). É a primeira vez que esse tipo de demanda foi apresentada solicitando a presença dos citados.
“Os indícios de envolvimento de Lula nos escândalos do BNDES são robustos e precisam ser devidamente apurados” — afirmou o senador Lasier.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Esta CPI, se for bem conduzida, vai ferver a política. Mas não se pode confiar. Em CPI anterior, Luciano Coutinho mentiu, dizendo que a obra do Porto de Mariel, em Cuba, foi garantida pela Odebrecht. A empresa desmentiu. Quem deu aval à obra foi o Ministério da Fazenda, conduzido por Guido Mantega. E o Programa Mais Médicos foi criado com objetivo de gerar recursos para que Cuba pague pela obra. Luciano Coutinho mentiu e não aconteceu rigorosamente nada. É justamente por isso que não se pode confiar em CPI. Ainda mais se um deputado como Marun foi escolhido relator. Aí é Piada do Ano. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Esta CPI, se for bem conduzida, vai ferver a política. Mas não se pode confiar. Em CPI anterior, Luciano Coutinho mentiu, dizendo que a obra do Porto de Mariel, em Cuba, foi garantida pela Odebrecht. A empresa desmentiu. Quem deu aval à obra foi o Ministério da Fazenda, conduzido por Guido Mantega. E o Programa Mais Médicos foi criado com objetivo de gerar recursos para que Cuba pague pela obra. Luciano Coutinho mentiu e não aconteceu rigorosamente nada. É justamente por isso que não se pode confiar em CPI. Ainda mais se um deputado como Marun foi escolhido relator. Aí é Piada do Ano. (C.N.)
O7 de setembro de 2017
Tatyane Mendes
O Globo
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