Menos de uma semana depois de receber um “não” do Grupo de Trabalho da Lava-Jato, o ex-deputado Eduardo Cunha pediu para reabrir as negociações na tentativa de um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Um emissário do ex-deputado até sugeriu que, se fosse de interesse do Ministério Público, Cunha participaria diretamente das tratativas, segundo disse ao GLOBO uma fonte que acompanha a movimentação de perto.
Nesse caso, investigadores de Brasília poderiam ouvi-lo em Curitiba, onde ele está preso. Procuradores devem decidir, até a próxima semana, se aceitam ou não pôr de volta à mesa a discussão da delação do ex-deputado.
ESCONDENDO O JOGO – Na proposta apresentada inicialmente, Cunha teria se comprometido a falar sobre as relações dele com o presidente Michel Temer. Também falaria sobre deputados, senadores e ministros que hoje estão no centro do poder em Brasília. Mas as informações oferecidas por escrito foram consideradas superficiais e inconsistentes. O ex-deputado teria sido omisso em relação a crimes já conhecidos. Cunha também apresentou poucas provas para sustentar as acusações, algumas delas genéricas, que prometeu fazer. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e a equipe de auxiliares não tiveram dúvidas em recusar o acordo.
Mas, nesta semana, para surpresa dos investigadores, um emissário de Cunha pediu ao Grupo de Trabalho para retomar as negociações. A sinalização é que o ex-deputado poderia ter dados relevantes a acrescentar à proposta inicial.
NOVA NEGOCIAÇÃO – Como prova de que está disposto a revelar tudo o que sabe, Cunha falaria diretamente com os procuradores. Até sexta-feira passada, a negociação era intermediada pelo advogado Délio Lins e Silva Júnior. Na nova configuração, continuaria com o advogado, mas sentaria à mesa com os procuradores para uma conversa franca, sem a preocupação de modular uma acusação a um interesse específico.
A possível retomada das negociações com Cunha, desta vez num nível mais elevado, poderia provocar uma reviravolta nas investigações da Lava-Jato nesta reta final do mandato de Janot, que deixa o cargo em um mês. Até ser rejeitada, na sexta-feira passada, a delação do ex-deputado era uma das mais esperadas e temidas.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diria o compositor e publicitário Miguel Gustavo, o suspense é de matar o Hitchcock. Cunha não pode vacilar, porque é um dos pratos do dia da delação do doleiro Lúcio Funaro. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diria o compositor e publicitário Miguel Gustavo, o suspense é de matar o Hitchcock. Cunha não pode vacilar, porque é um dos pratos do dia da delação do doleiro Lúcio Funaro. (C.N.)
21 de agosto de 2017
20Jailton de Carvalho
O Globo
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