Crítico do governo Michel Temer, o qual classifica como “ilegítimo”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na manhã desta terça-feira, que o presidente deve renunciar apesar de ter “sustentação” para se manter no cargo. Em entrevista à rádio “Capital”, de São Paulo, o petista repetiu que é inocente no caso do tríplex do Guarujá e criticou novamente a sentença do juiz Sergio Moro contra ele.
“Já está provado que ele não tem condições de continuar governando o Brasil. Eu acho que a autoridade moral dele acabou, embora ele tenha uma sustentação da Constituição para exercer o cargo onde está. O correto seria ele próprio ter a iniciativa de convocar eleições diretas” — disse Lula.
ANTECIPAÇÃO – Defensor da antecipação do pleito, Lula discursou em tom de campanha, assim como em sua primeira declaração após a condenação, na última semana. O discurso de que o país está divido em ricos e pobres foi repetido ao longo da entrevista, embora o petista também tenha criticado a polarização política nas ruas.
“Na tese da elite brasileira o país tem que ser construído para um terço da sociedade” — afirmou o ex-presidente.
Condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, Lula disse que já está recorrendo da sentença. Ele alegou mais uma vez sofrer perseguição da mídia e do judiciário e afirmou ter comprovado sua inocência perante o juiz Sergio Moro, a quem chamou de “czar”.
RECURSO – “Estou recorrendo (da decisão) porque acredito que haja justiça em outra instância do país. Inclusive, peço que o juiz Moro não continue se comportando como se fosse um czar. Ou seja, ele faz o que quer, sem respeitar o direito democrático, sem respeitar a Constituição e vai passando por cima, não deixa a defesa falar, tenta cercear o direito da defesa falar” — disse o ex-presidente, fazendo referência aos embates recentes entre seus advogados e o juiz.
19 de julho de 2017
Deu em O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário