Adaptação biológica explica muito melhor o destino de um país que consciência, engajamento e trabalho duro. Cooperação em grande escala para consertar um país é uma visão voluntarista tão equivocada quanto a idéia de que para fazer dieta basta força de vontade. A adequada compreensão da biologia por trás do processo é fundamental.
O desconhecimento da biologia por trás da maioria absoluta dos processos políticos e econômicos é típico de um ambiente cultural dominado pelas maluquices anticientíficas chamadas de “ciências humanas”. Bilhões de pessoas compartilham a ilusão de estes processos são total ou principalmente “culturais” ou “socialmente determinados”, mas não é assim que o mundo funciona. Quando se trata de grandes populações, não é a consciência que funciona. Não é o engajamento que funciona. Não é o trabalho duro que funciona.
O que funciona é a seleção natural.
Na Antártida, quem tem sucesso é o pinguim. No Saara, quem tem sucesso é o camelo. Cada animal se adapta a seu meio. Não há como ser diferente. O pinguim não tem como se manter hidratado num deserto de areia e o camelo não tem como se manter aquecido num deserto de gelo. Cada um deles desenvolveu uma estratégia de sobrevivência que lhe traz sucesso em um ambiente específico e não em outro, com estruturas e habilidades que são úteis em um ambiente específico e não em outro.
Do mesmo modo, em se tratando do macaco falante – uma espécie cuja estratégia de adaptação é uma inteligência que lhe permite se adaptar aos mais variados ambientes – o que ocorre é que, em um país com um certo ambiente institucional, quem tem sucesso é um tipo de macaco falante, com um tipo de caráter e um tipo de comportamento, e, em um país com outro ambiente institucional, quem tem sucesso é outro tipo de macaco falante, com outro tipo de caráter e outro tipo de comportamento. Compare a Alemanha ou a Noruega com o Brasil ou a Venezuela. Que tipo de macaco falante prospera melhor em cada um destes ambientes?
O macaco falante se adapta a seu ambiente institucional de um modo diferente de como o pinguim e o camelo se adaptam a seus ambientes físicos. A grande diferença entre o macaco falante, os pinguins e os camelos é que o macaco falante tem uma estratégia de adaptação que depende da inteligência, não da fisiologia, o que lhe permite se adaptar a uma grande variedade de ambientes, inclusive a ambientes que mudam muito rapidamente. E isso é uma ótima notícia, porque significa que é possível consertar um país muito mais rápido do que a maioria imagina.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha estava completamente arruinada, com suas cidades, estradas, usinas de energia e parques industriais destruídos pelos bombardeios dos aliados. Estava sem recursos humanos, pois grande parte da população em idade e condições de trabalhar havia sido morta. Estava sem recursos financeiros ou materiais e com uma dívida de guerra imensa. As prateleiras das lojas e mercados que ainda existiam estavam vazias e o mercado negro havia se tornado o padrão. A corrupção era imensa. Então, em junho de 1948 Ludwig Erhard implementa a reforma monetária e lança as bases da Economia Social de Mercado alemã. Ocorre um curto período de conflitos e ajustes e já em 1952 a Alemanha se torna superavitária, tendo uma elevação média de salários de 80% na primeira década e um crescimento econômico médio de 8% ao ano até 1966, quando atinge o extremamente bem sucedido Estado de Bem Estar Social que perdura até hoje. O Ordoliberalismo tirou a Alemanha do fundo do poço das ruínas do pós-guerra em três anos e a ergueu ao topo do mundo em apenas 18 anos.
Quais foram os segredos do “Milagre Econômico Alemão”? Um ambiente institucional saudável, com uma filosofia que regula tanto a produtividade econômica quanto a proteção social de modo coerente com seus objetivos.
Do lado da produção econômica, uma regulamentação forte porém desburocratizada, sem entraves desnecessários, que traz segurança jurídica e favorece o empreendedor honesto, competente e responsável e não o picareta capaz de obter facilidades através de estratégias ilícitas, o incompetente que busca proteção contra a competição ou o irresponsável que acha que tem o direito de ser melhor cuidado pelo Estado do que toma conta de si mesmo.
Do lado da proteção social, um forte investimento em educação e capacitação profissional, com programas de assistência social que garantem um nível de segurança e conforto dignos para os hipossuficientes, mas que prioriza e estimula a autossuficiência.
Esta é a lição que devemos aprender.
Precisamos construir, monitorar e manter um ambiente:
Onde o mais honesto tenha maior facilidade de adaptação que o menos honesto.
Onde o mais competente tenha maior facilidade de adaptação que o menos competente.
Onde o mais responsável tenha maior facilidade de adaptação que o menos responsável.
Onde o tipo de caráter que consideramos decente e o tipo de comportamento que consideramos edificante sejam os mais úteis e mais admirados.
Onde há dignidade para todos, mas não há incentivos para o parasitismo.
E então deixar a seleção natural agir.
09 de junho de 2017
Arthur
in pensar não dói
O desconhecimento da biologia por trás da maioria absoluta dos processos políticos e econômicos é típico de um ambiente cultural dominado pelas maluquices anticientíficas chamadas de “ciências humanas”. Bilhões de pessoas compartilham a ilusão de estes processos são total ou principalmente “culturais” ou “socialmente determinados”, mas não é assim que o mundo funciona. Quando se trata de grandes populações, não é a consciência que funciona. Não é o engajamento que funciona. Não é o trabalho duro que funciona.
O que funciona é a seleção natural.
Na Antártida, quem tem sucesso é o pinguim. No Saara, quem tem sucesso é o camelo. Cada animal se adapta a seu meio. Não há como ser diferente. O pinguim não tem como se manter hidratado num deserto de areia e o camelo não tem como se manter aquecido num deserto de gelo. Cada um deles desenvolveu uma estratégia de sobrevivência que lhe traz sucesso em um ambiente específico e não em outro, com estruturas e habilidades que são úteis em um ambiente específico e não em outro.
Do mesmo modo, em se tratando do macaco falante – uma espécie cuja estratégia de adaptação é uma inteligência que lhe permite se adaptar aos mais variados ambientes – o que ocorre é que, em um país com um certo ambiente institucional, quem tem sucesso é um tipo de macaco falante, com um tipo de caráter e um tipo de comportamento, e, em um país com outro ambiente institucional, quem tem sucesso é outro tipo de macaco falante, com outro tipo de caráter e outro tipo de comportamento. Compare a Alemanha ou a Noruega com o Brasil ou a Venezuela. Que tipo de macaco falante prospera melhor em cada um destes ambientes?
O macaco falante se adapta a seu ambiente institucional de um modo diferente de como o pinguim e o camelo se adaptam a seus ambientes físicos. A grande diferença entre o macaco falante, os pinguins e os camelos é que o macaco falante tem uma estratégia de adaptação que depende da inteligência, não da fisiologia, o que lhe permite se adaptar a uma grande variedade de ambientes, inclusive a ambientes que mudam muito rapidamente. E isso é uma ótima notícia, porque significa que é possível consertar um país muito mais rápido do que a maioria imagina.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha estava completamente arruinada, com suas cidades, estradas, usinas de energia e parques industriais destruídos pelos bombardeios dos aliados. Estava sem recursos humanos, pois grande parte da população em idade e condições de trabalhar havia sido morta. Estava sem recursos financeiros ou materiais e com uma dívida de guerra imensa. As prateleiras das lojas e mercados que ainda existiam estavam vazias e o mercado negro havia se tornado o padrão. A corrupção era imensa. Então, em junho de 1948 Ludwig Erhard implementa a reforma monetária e lança as bases da Economia Social de Mercado alemã. Ocorre um curto período de conflitos e ajustes e já em 1952 a Alemanha se torna superavitária, tendo uma elevação média de salários de 80% na primeira década e um crescimento econômico médio de 8% ao ano até 1966, quando atinge o extremamente bem sucedido Estado de Bem Estar Social que perdura até hoje. O Ordoliberalismo tirou a Alemanha do fundo do poço das ruínas do pós-guerra em três anos e a ergueu ao topo do mundo em apenas 18 anos.
Quais foram os segredos do “Milagre Econômico Alemão”? Um ambiente institucional saudável, com uma filosofia que regula tanto a produtividade econômica quanto a proteção social de modo coerente com seus objetivos.
Do lado da produção econômica, uma regulamentação forte porém desburocratizada, sem entraves desnecessários, que traz segurança jurídica e favorece o empreendedor honesto, competente e responsável e não o picareta capaz de obter facilidades através de estratégias ilícitas, o incompetente que busca proteção contra a competição ou o irresponsável que acha que tem o direito de ser melhor cuidado pelo Estado do que toma conta de si mesmo.
Do lado da proteção social, um forte investimento em educação e capacitação profissional, com programas de assistência social que garantem um nível de segurança e conforto dignos para os hipossuficientes, mas que prioriza e estimula a autossuficiência.
Esta é a lição que devemos aprender.
Precisamos construir, monitorar e manter um ambiente:
Onde o mais honesto tenha maior facilidade de adaptação que o menos honesto.
Onde o mais competente tenha maior facilidade de adaptação que o menos competente.
Onde o mais responsável tenha maior facilidade de adaptação que o menos responsável.
Onde o tipo de caráter que consideramos decente e o tipo de comportamento que consideramos edificante sejam os mais úteis e mais admirados.
Onde há dignidade para todos, mas não há incentivos para o parasitismo.
E então deixar a seleção natural agir.
09 de junho de 2017
Arthur
in pensar não dói
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