"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 13 de março de 2017

EMÍLIO DIZ A MORO QUE ODEBRECHT PAGA CAIXA 2 DESDE A ÉPOCA DE SEU PAI

EMÍLIO DIZ QUE EMPRESA PAGA PROPINA DESDE NORBERTO ODEBRECHT

CAIXA DOIS SEMPRE FOI ‘MODELO REINANTE’ NO PAÍS, DIZ EMILIO ODEBRECHT (FOTO: REPRODUÇÃO)

O empresário Emílio Odebrecht afirmou nesta segunda-feira, 13, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que os pagamentos no caixa 2 existem e são utilizados pela empreiteira desde os tempos em que a empreiteira era administrada pelo patriarca Norberto Odebrecht, seu pai e avô de Marcelo Odebrecht, preso há quase dois anos.

“Isso (caixa 2) sempre foi o modelo reinante no País e que veio até recentemente. Porque houve o impedimento e foi a partir de 2014 e 2015. Mas até então, sempre existiu, desde a minha época, da época do meu pai, da minha época e também de Marcelo (Odebrecht), de todos aqueles que foram executivos do grupo”, afirmou Emílio, que depôs como testemunha de defesa do filho Marcelo, preso desde 19 de junho de 2015.

O juiz Sérgio Moro decretou o sigilo dos depoimentos, mas os vídeos vazaram em razão de um erro técnico no sistema de consulta processual da Justiça Federal do Paraná.

Segundo Emílio, na sua época, o funcionamento do sistema de pagamento de valores era muito mais simples, uma vez que a empresa atuava, basicamente, em dois negócios, de engenharia e petroquímica. Ele afirmou que não saberia dizer se Marcelo Odebrecht era o responsável pela estruturação do esquema de utilização de empresas offshore.

“Não saberia dizer em hipótese nenhuma. Na minha época, as coisas eram muito mais simples. Não tinha a complexidade que a organização passou a ter a partir de determinado período. Não saberia dizer se ele teve algum envolvimento, se liderou aquilo que chamam erradamente como departamento de propina”, afirmou.

Emílio Odebrecht lembrou que em sua época à frente do comando da Odebrecht, antes de Marcelo, já se pagava caixa 2 e que dois executivos do grupo eram os homens de sua confiança responsáveis por esses pagamentos. “Um falecido e outro com alzheimer”.

Apelidos

Questionado, Odebrecht disse que não sabe dizer se o "italiano" citado nas planilhas da empresa é o ex-ministro Antonio Palocci. Afirmou que existiam várias pessoas dentro da empresa, "companheiros internos", que muitas vezes ele chamava de "italiano", inclusive o ex-ministro do governo Lula.

“Existem muitos apelidos na organização, eu seria leviano, irresponsável. Ele (italiano) pode ser também nosso Palocci. (...) Não sei dizer se efetivamente era o doutor Palocci, mas com certeza ele também era identificado como "italiano", disse.

Repasses ao PT

O empresário disse que sabia que existia valores destinados pela Odebrecht ao PT, mas que não saberia dizer valores, e que estava afastado do comando da empresa desde o início dos anos 2000.

Perguntado pelo juiz Sérgio Moro se tinha ou não conhecimento se Palocci ou o PT receberam pagamentos do departamento de operações estruturadas da empresa, afirmou que sim.

“Teve contribuição, não tenho dúvida. Pode ser que ele foi um dos operadores, um dos que receberam, mas o detalhe disso eu não saberia. Existia a regra: ou não contribuía para ninguém ou contribuiria para todos, mas valor e forma, não tenho esse domínio”, respondeu.


13 de março de 2017
diário do poder

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