"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

POR QUE ALGUNS INTELECTUAIS - REALMENTE - AMAM O SOCIALISMO?



O site Mises Brasil publica um texto intitulado “Por que os intelectuais odeiam o capitalismo?”. É um texto de Jesús Huerta de Soto, inspirado nas ideias de Bertrand de Jouvenel, nomes suficientes para dar uma noção da gravidade do problema que constitui a fé cega na crença, um “gap mental” que acomete boa parte dos liberais.

A fé cega na crença impede que alguém veja o socialista como ele é. Em vez disso, aqueles acometidos por tal colapso cognitivo visualizam o socialista como ele diz ser. Como resultado trágico, essas pessoas não praticam a real crítica política, mas apenas conselhos de pai.

Huerta de Soto cita o artigo Os intelectuais europeus e o capitalismo, de Jouvenel, o qual cita três motivos para que os intelectuais rejeitassem o capitalismo (e amassem o socialismo). São eles:
O desconhecimento: significa o desconhecimento teórico de como funcionam os processos de mercado.
Soberba: a pessoa genuinamente acreditaria ser mais culto que os demais por causa de seu intelecto e conhecimento.
Ressentimento e inveja: por ser um intelectual e ter pouco valor de mercado no processo produtivo, ele ficaria ressentido e com inveja dos outros.

Obviamente, os três motivos são ingênuos até dizer chega e nem um pouco amparados na realidade. Para piorar, ignoram o único motivo real para que muitos intelectuais adorem o socialismo: o ganho financeiro.

Uma vez que um intelectual defenda o socialismo, ele será protegido por uma elite que mama nas tetas do estado para que continue utilizando seu poder de arena no intuito de fazer a propaganda em favor do inchamento do estado. É uma troca indecente.

Pense nos três casos clássicos da atualidade no Brasil: Leandro Karnal, Mario Cortella e Clovis de Barros Filho. Todos os três defendem o marxismo. O fazem claramente como um investimento financeiro. Em troca de suas propagandas – disfarçadas de conteúdo intelectual -, são beneficiados com apoios, palestras, indicações, etc.

Em suma, o ciclo se retroalimenta. É como no caso de Pablo Escobar. Quem assistiu a série Narcos irá se lembrar de uma jornalista que apoiava o narcotraficante. Ela não fazia isso “por amor”, mas pelas vantagens que obtinha de seu relacionamento. A grana não faltava ali. Nem para ela e nem para vários apoiadores.

Se abandonarmos a fé cega na crença, deixamos de levar a sério o apontamento de motivações caridosas e até infantis conforme aquelas sugeridas por Bertrand de Jouvenel. Os intelectuais conhecem o socialismo e o escolhem porque ele gera o ganho financeiro que esperam obter à custas de trouxas. Não há soberba alguma, mas jogo muito bem jogado por quem precisa dos benefícios financeiros de ser um intelectual propagandista. Não há nenhum motivo para que tenham ressentimento ou inveja, pois os intelectuais marxistas são muito bem remunerados por seus serviços. Fazer propaganda em favor do totalitarismo não é diferente de fazer propaganda em favor de Pablo Escobar na Colômbia dos tempos do Cartel de Medelin.

Os intelectuais que amam o socialismo simplesmente fazem um investimento financeiro. Imoral até a medula, é claro. Mas não deixa de ser um investimento pragmático. Tomá-los como coitadinhos vítimas do “desconhecimento”, da “soberba” ou até do “ressentimento e da inveja” é adotar uma visão compassiva e tola do oponente.

Às vezes fico imaginando se Bertrand de Jouvenel ou Jesus Huerta de Soto conseguiriam se safar da fraude da venda de um falso cartão da Loto premiado. Se usássemos o modelo mental da fé cega na crença, após comprar o falso cartão premiado – que não estaria premiado, é claro -, não iríamos denunciar o picareta à polícia. Ao contrário, buscaríamos encontrar os motivos pelos quais o vendedor do cartão falso foi tão “iludido” ou “desconhecedor dos fatos” ou até “acometido pela soberba” de não ter conseguido transformar o comprador do bilhete em um milionário.

Adultos não podem agir assim. É preciso colocar a fé cega na crença sob o ridículo.


04 de novembro de 2016
ceticismo político

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