"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

COM BENS BLOQUEADOS, SÓ FALTA DECRETAR PRISÃO PREVENTIVA DE ADRIANA ANCELMO

Afinal, o que falta para decretar a prisão de Adriana Ancelmo?

A gerente financeira do escritório de advocacia de Adriana Ancelmo afirmou à Polícia Federal que Luiz Carlos Bezerra, apontado pelo Ministério Público Federal como operador financeiro do ex-governador Sérgio Cabral, entregava dinheiro vivo à ex-primeira-dama em sua empresa.

Michelle Tomaz Pinto prestou depoimento cinco dias depois da deflagração da Operação Calicute, que prendeu Cabral e outras nove pessoas sob suspeita de cobrança de propina em obras no Estado. O escritório da ex-primeira-dama está sob suspeita de ser usado para ocultar parte desses valores ilegais.

De acordo com o relato de Pinto, Bezerra entregava o dinheiro à própria ex-primeira-dama ou para um de seus sócios. Ela afirmou que em parte das vezes a verba ficava guardada dentro do cofre do escritório. Isso teria ocorrido, segundo o relato, entre 2014 e 2015.

SEM TRABALHAR – A gerente também reforçou indícios de que o escritório recebia de empresas sem prestação de serviços. Responsável pelas contas a receber e fatura dos clientes do escritório, ela afirma que nunca soube da relação comercial entre a banca de advocacia e o banco Schain, EBX, Braskem e Hotel Resort Portobello. Todas essas empresas aparecem como responsáveis por transferir recursos para o escritório.

“Indagada se sobre essas últimas empresas a declarante viu pastas, menções a ações, relatórios, pareceres ou outros que possam configurar que tais pessoas jurídicas eram clientes do escritório, a declarante [Pinto] informa que no período em que estava no escritório não viu nenhum documento mencionado”, afirma o termo de depoimento da gerente.

O relato é semelhante ao prestado pelo dono do Portobello, Cláudio Jardim Borges, revelado na quinta-feira (24) pela Folha. Ele afirmou ter repassado recursos à banca sem que serviços tivessem sido prestados.

CRESCIMENTO VERTIGINOSO – O escritório Ancelmo Advogados chamou a atenção dos investigadores em razão do “crescimento vertiginoso” após Cabral assumir o Estado, em 2007. O juiz Marcelo Bretas determinou nesta segunda-feira (28) o bloqueio dos bens imóveis de Adriana Ancelmo. O objetivo é complementar a decisão que bloqueou R$ 10 milhões de suas contas.

De acordo com dados da Receita Federal, a receita bruta do escritório subiu de R$ 3,4 milhões em 2005 para R$ 17,5 milhões em 2014, em valores reais corrigido pela inflação. O patrimônio da advogada subiu de R$ 1,9 milhão para R$ 21,7 milhões em dez anos.

A reportagem tentou contato com os advogados da ex-primeira dama, mas não obteve retorno. Em depoimento à Polícia Federal, ela afirmou ter como comprovar todos os serviços prestados às empresas que repassaram recursos ao seu escritório.



29 de novembro de 2016
Italo Nogueira
Folha

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