Cascais, Portugal – O prestígio de um político se mede pela honestidade e pela quantidade de votos que ele tem ou transfere para outro. Quando ele perde uma eleição fica invisível, não é convidado nem para batizado de criança até se reeleger e voltar ao poder. Ou pendurar as chuteiras, como fazem alguns. Pois bem, o ex-presidente Lula, no quesito honestidade, foi reprovado. Mas agora começa a sentir na pele o desprestígio político ao não conseguir transferir votos nem para eleger um dos seus filhos vereador. Se não pendurar as chuteiras como fez Pelé sabiamente, corre o risco de ir para ostracismo. O saldo que fica dessas eleições municipais é de um PT desidratado de votos, os seus líderes na prisão e um Lula falando bobagens como se ainda fosse um líder de massa.
O PT ganhou uma capital lá no Norte do país e está pendurado em outra, no Recife, com possibilidade remota de vitória. Perdeu inclusive no seu mais importante colégio eleitoral, berço do partido, São Paulo, não reelegendo Haddad, um poste que chegou à prefeitura com o auxílio de Paulo Maluf, com quem Lula compôs para eleger seu pupilo. O diagnóstico é de que o PT precisa se reinventar se quiser continuar dando as cartas na política do país e o seu líder, José Inácio Lula da Silva, passar o bastão para alguém antes que ele enterre de vez o partido que criou para combater as elites com quem, depois, se acumpliciou para roubar o país.
O maior problema do PT é encontrar um substituto de Lula que, a exemplo dos déspotas populistas, aniquila aqueles que se atrevem a atravessar o seu caminho. Foi assim com Zé Dirceu, Genoíno, Mercadante, Marta, Marina, Heloisa Helena, Palocci e tantos outros que tentaram um dia ousar desafiá-lo. Como um egocêntrico, preferiu, portanto, tirar a Dilma do anonimato e elegê-la presidente a prestigiar prata da casa porque temia perder as rédeas do poder. O resultado, como se esperava, foi o desastre do impeachment e a fragmentação do partido que sonhou com vinte anos no poder.
Os primeiros sinais de que hoje Lula mais atrapalha do que contribui ocorreram nessas eleições municipais. João Paulo, candidato do PT no Recife, queixa-se de ter caído nas pesquisas depois que o seu guia foi dar uma forcinha na sua eleição. Ficou com a metade dos votos do seu adversário, mas, mesmo assim, chegou ao segundo turno numa penúria de votos danada. Lula também foi ao Ceará. Nenhum dos candidatos que apoiou no estado ganhou a eleição. E para complicar a sua vida e as suas pretensões políticas, o nordestino foi às urnas e disse não a ele e ao seu partido, um sinal claro de que a corrupção começa a ser sentida pela população mais carente como uma erva daninha, coisa sem muita importância até pouco tempo para quem se submetia aos currais.
A população brasileira dá nítidos sinais da valorização do voto e de como ele é fundamental como meio de transformação social e econômico do país. Ao contrário do que pensam alguns retrógrados, a democracia – que elege seus dirigentes pelo voto – ainda é o melhor caminho do desenvolvimento e das mudanças estruturais.
Quase a metade dos prefeitos de capitais, que tentaram a reeleição, ficou no meio do caminho. Foram contaminados pelos escândalos que envolveram políticos de quase todos os partidos. Os candidatos novos, que fizeram campanha com o discurso da negação política, tiveram mais êxito. Caso de São Paulo, por exemplo, onde Dorea, um apresentador de televisão, sem nenhuma tradição política, ganhou as eleições no primeiro tuno deixando para trás as raposas políticas sem discurso. Se ele vai administrar bem a maior capital do país é outra história, mas ao elegê-lo os eleitores de todas as classes sociais entenderam que é melhor apostar no novo, porque os “velhos” eles já conhecem – e estão cada vez mais velhos.
É diante desse quadro que o PT vai tentar se reestruturar para sobreviver, com a adversidade das urnas. E se preparar para o pior caso seu líder maior, político espiritual, agora invisível, caia nas garras de Sergio Moro.
05 de outubro de 2016
jorge oliveira
O PT ganhou uma capital lá no Norte do país e está pendurado em outra, no Recife, com possibilidade remota de vitória. Perdeu inclusive no seu mais importante colégio eleitoral, berço do partido, São Paulo, não reelegendo Haddad, um poste que chegou à prefeitura com o auxílio de Paulo Maluf, com quem Lula compôs para eleger seu pupilo. O diagnóstico é de que o PT precisa se reinventar se quiser continuar dando as cartas na política do país e o seu líder, José Inácio Lula da Silva, passar o bastão para alguém antes que ele enterre de vez o partido que criou para combater as elites com quem, depois, se acumpliciou para roubar o país.
O maior problema do PT é encontrar um substituto de Lula que, a exemplo dos déspotas populistas, aniquila aqueles que se atrevem a atravessar o seu caminho. Foi assim com Zé Dirceu, Genoíno, Mercadante, Marta, Marina, Heloisa Helena, Palocci e tantos outros que tentaram um dia ousar desafiá-lo. Como um egocêntrico, preferiu, portanto, tirar a Dilma do anonimato e elegê-la presidente a prestigiar prata da casa porque temia perder as rédeas do poder. O resultado, como se esperava, foi o desastre do impeachment e a fragmentação do partido que sonhou com vinte anos no poder.
Os primeiros sinais de que hoje Lula mais atrapalha do que contribui ocorreram nessas eleições municipais. João Paulo, candidato do PT no Recife, queixa-se de ter caído nas pesquisas depois que o seu guia foi dar uma forcinha na sua eleição. Ficou com a metade dos votos do seu adversário, mas, mesmo assim, chegou ao segundo turno numa penúria de votos danada. Lula também foi ao Ceará. Nenhum dos candidatos que apoiou no estado ganhou a eleição. E para complicar a sua vida e as suas pretensões políticas, o nordestino foi às urnas e disse não a ele e ao seu partido, um sinal claro de que a corrupção começa a ser sentida pela população mais carente como uma erva daninha, coisa sem muita importância até pouco tempo para quem se submetia aos currais.
A população brasileira dá nítidos sinais da valorização do voto e de como ele é fundamental como meio de transformação social e econômico do país. Ao contrário do que pensam alguns retrógrados, a democracia – que elege seus dirigentes pelo voto – ainda é o melhor caminho do desenvolvimento e das mudanças estruturais.
Quase a metade dos prefeitos de capitais, que tentaram a reeleição, ficou no meio do caminho. Foram contaminados pelos escândalos que envolveram políticos de quase todos os partidos. Os candidatos novos, que fizeram campanha com o discurso da negação política, tiveram mais êxito. Caso de São Paulo, por exemplo, onde Dorea, um apresentador de televisão, sem nenhuma tradição política, ganhou as eleições no primeiro tuno deixando para trás as raposas políticas sem discurso. Se ele vai administrar bem a maior capital do país é outra história, mas ao elegê-lo os eleitores de todas as classes sociais entenderam que é melhor apostar no novo, porque os “velhos” eles já conhecem – e estão cada vez mais velhos.
É diante desse quadro que o PT vai tentar se reestruturar para sobreviver, com a adversidade das urnas. E se preparar para o pior caso seu líder maior, político espiritual, agora invisível, caia nas garras de Sergio Moro.
05 de outubro de 2016
jorge oliveira
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