Quando uma pessoa diz que “não entende o que está por trás da cabeça dos doutrinadores” é sinal de que ela está distante de boa parte do amadurecimento político necessário. Na verdade, os doutrinadores escolares sabem o que querem. Para quem ainda não percebeu do que tratamos (ao lutar contra a doutrinação), vejamos as coisas por uma ótica mais simples.
É preciso começar a pensar as questões políticas em termos de luta pelo poder. Poder não se relaciona apenas a dinheiro, que, no entanto, exerce parte decisiva nesse aspecto. Por exemplo, se alguém quer o poder a partir do suborno de milhares de agentes públicos, é preciso de grana para molhar os bolsos de toda essa gente.
Se para a extrema-esquerda, o que importa é o poder totalitário, é preciso entender como os recursos serão conquistados e mantidos nesse intento. Um dos meios mais óbvios é a doutrinação escolar.
Antes de compreender sua importância, falemos de um conceito chamado poder de arena. É basicamente uma fórmula envolvendo:
Tempo disponível para falar
Número de pessoas assistindo
Recursos para garantir (1) e (2)
Se você tem uma hora para falar e 20 pessoas te ouvindo, significa que você tem (x) em termos de poder de arena. Mas se em outro momento você tem o mesmo tempo para falar, mas agora 40 pessoas te ouvindo, então tem (2x) em termos de poder de arena.
Não entrarei em detalhes aqui a respeito dos fatores de multiplicação, como quando alguém de seu público se torna replicador de suas ideias. Foquemos no básico.
Aqui estão os fatores para mensurar o poder de arena da extrema-esquerda diante dos alunos:
Tempo disponível para falar (tempo de aula)
Número de pessoas assistindo (os alunos)
Recursos para garantir (1) e (2), que são as verbas estatais de salários e manutenção da estrutura
Observe que todo esse poder de arena é ilegítimo, uma vez que se baseia no uso de dinheiro estatal para desvio de função de professores mal intencionados, que, no fundo, deveriam se preocupar em dar aulas.
Haveria uma forma de abalar seriamente este poder de arena a partir do Escola sem Partido. O professor ainda teria o tempo disponível para falar (e seus alunos), mas seria questionado pelo desvio de função.
Mas surgiu outra forma deste poder de arena ser abalado – embora não tanto, mas já é uma coisa – com a reforma do ensino médio. Nessa reforma, os alunos do ensino médio poderiam escolher as matérias mais importantes para seu futuro. Se tornariam profissionais melhores, com certeza. Mas em muitos casos escolheriam não assistir aulas de Filosofia, Sociologia e Artes. O detalhe é que estas aulas – as tais “ciências humanas” – são utilizadas para doutrinação, na maior parte dos casos.
Quer dizer: os professores ainda teriam o fator 1 (o tempo disponível para falar) e até o item 3 (os recursos para garantir seu tempo falando), mas perderiam uma parte do item (2), ou seja, os alunos obrigados a assistir seu lero lero. Logo, o poder de arena da extrema-esquerda seria abalado.
“O horror, o horror…”, dirão os socialistas.
Se fossemos medir o poder de arena da extrema-esquerda em valor – ou seja, quanto dinheiro eles precisariam gastar se tivessem que investir verbas do próprio bolso para adquirir mesma quantidade de tempo para falar e gente assistindo -, poderíamos apostar que a coisa fica na casa dos 3 a 4 bilhões de reais. Isso se falarmos apenas do ensino médio. Só a título de comparação, lembre que o fundo partidário é de cerca de 1 bilhão por ano, dividido entre os partidos.
Em resumo, o poder de arena relacionado à doutrinação escolar é valiosíssimo para essa gente.
Como este poder de arena é ilegítimo, é moralmente fácil lutar contra ele. É uma moleza argumentar que o dinheiro público deveria ser utilizado para ensinar os alunos naquilo que importa e que devemos proteger o futuro das crianças. Mas a mente da extrema-esquerda não está focada na argumentação, mas apenas busca saber se vai conseguir manter o poder ou não. Neste caso, é o poder de arena.
Agora tudo fica mais fácil para discutirmos.
Com a reforma do ensino médio, damos mais oportunidades para o aluno obter o ensino mais necessário para sua formação profissional. Quem está do lado do aluno, opta pela reforma do ensino médio. Obviamente, se muitos alunos escolherem não assistir aulas de doutrinação, não significa que a extrema-esquerda perderá todo seu poder de arena, apenas parte dele. Mas isso já é o suficiente para eles ficarem aterrorizados. Mas e se o futuro dos alunos estiver comprometido? Isso não importa para a extrema-esquerda, que unicamente pensa em aumentar o seu poder de arena.
É por esse motivo que o ataque à reforma do ensino médio é uma das demandas das milícias pró-PT que invadem as escolas.
Você vai tolerar que pessoas com intenções tão abjetas consigam seu intento macabro?
28 de outubro de 2016
ceticismo político
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