"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 31 de março de 2016

UMA CARTINHA PARA DILMA




Senhora Presidente,

"Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?" 

Desde que está na moda enviar-lhe uma cartinha, receba mais esta, por favor.

Faço-a pública, porque desejo que o mundo a leia.

Hoje, 24 de fev de 2016, cruzei com o meu amigo "E" no posto de gasolina. Ele mora em uma edícula na viela que tem atrás do posto. Com ele, a mulher que faz faxina para fora, a sogra que costura, e dois filhos, uma menina com menos de um ano e um menino com uns 12 ou 13. O menino, para ir aprendendo a profissão, ajudava "E", pintor de carros sem carteira assinada. Ou melhor, o pai até hoje estava empregado como pintor, foi despedido, sem mágoas, estão quase sem serviço, ninguém tem dinheiro para mandar pintar um para-lama, uma porta.

Onde você está indo? - perguntei. Vou tentar arranjar um bico com um xará aqui perto. Perguntei se o tanque da sua 125 estava cheio. Respondeu que tinha um restinho. Mandei encher o tanque por minha conta. Ele não quis aceitar. Insisti. Aceitou três litros, só três litros. Foi aí que me lembrei da senhora, D. Dilma, que vive passeando de helicóptero biturbinado para lá e pra cá, a custa do meu dinheiro e do dinheiro do meu amigo "E".

Ali perto tem um cara que vende quentinha congelada, R$ 15,00 cada. Mandei entregar três na casa do "E", mas que não revelasse quem era o mandante, recomendei. Não queria, não quero que o meu amigo se sinta humilhado.

Ao chegar em casa, vi na TV que o Brasil havia sido rebaixado mais uma vez pela agência de risco Moody's. Perdeu totalmente o grau de investimento. Perdeu porque é perdulário. Perdeu porque gastou uma fortuna com estádios de futebol para a Copa onde fracassamos. E continua jogando rios de dinheiro nas Olimpíadas. Para quê? Para arrotar grandeza?

Outra notícia na TV: os juros do cheque especial chegaram aos 292% ao ano! E os do cartão de crédito a 430%. Tudo isso, mais o desemprego do meu amigo"E" e de tantos outros trabalhadores, os juros estratosféricos, a gastança desmedida, devem-se a erros de planejamento que poderiam ter sido corrigidos lá atrás, mas não foram porque a senhora insistiu neles apesar de todas as advertências de que o modelo estava errado, que para gastar, primeiro é preciso acumular, para só depois repartir. A senhora deu circo ao povo, mas escamoteou o pão! 

Foi aí, foi nesse momento que resolvi escrever-lhe. 

Tenho que desabafar! 

Ora intuo que a senhora é ciclotímica, ora que sofre de assintonia, tal é a frequência com que parece perder contato com a realidade, ao mesmo tempo em que estabelece pecaminosa parceria com o besteirol.

[Fica combinado que ciclotímica nada tem a ver com o nome de loja de bicicletas especializada em acessórios para pedaladas]

Aliás, é de fama antiga o seu desembarcar do léxico, o seu jeito de passar fugazmente pela gramática.

Como uma coisa leva à outra, o ciclo realidade / irrealidade a que me referi leva-me ao Ciclo deChandler, fenômeno astronômico conhecido no meio científico. Em espanhol, chamam de Bamboleo de Chandler. A senhora comporta-se assim mesmo, bamboleando. Olhe-se na TV quando faz um pronunciamento: a cada cinco palavras, vai de um lado ao outro nas telas widescreen, criadas no feitio certo para comportar o seu bamboleio. Será uma forma de se esconder da mentira que acabou de dizer na outra ponta da tela? No dia a dia da condução dos negócios da nação também pendula perigosamente, e qual barata tonta parece perdida à procura de um ralo para escafeder-se. 

Hoje, a senhora recomenta approaches diplomáticos com o Estado Islâmico. Naquelas décadas que se fazem longe e testemunharam o início da sua trajetória tortuosa, a senhora só recomendava, como modalidade de diálogo, sacar o trezoitão...

A senhora tem como marca do seu passado a opção pelo avesso da razão...
Dilma, a sua digital, como a de centenas de outros padecentes de fragmentação da personalidade, esteve, ainda que indiretamente, presente naqueles crimes de sangue que enodoaram a história nacional.  

Mesmo assim, Dilma, o povo elegeu-apresidente.

E a senhora elegeu-se presidenta.

Choraram a gramática e os filhos desta terra. Oh! quanta vergonha, quanto exotismo, quanta parvoíce! 

Dizem que o Luiz Ignácio escolheu um poste para dizer que era seu, mas o poste decidiu que tinha direito à luz própria.

Com defeito de fabricação, ilumina o lado errado das coisas, vê a realidade pelo avesso. É um poste politicamente incorreto, uma torre de Pizza que quer desabar, uma vela sem mastro, um remo sem barco, um rumo sem norte. Até mesmo dentro do seu partido há uma corrente que não engole mais tantos desatinos. 

A economia esvai-se pelos ralos da corrupção, pela gastança à tripla-forra, o desemprego tira o feijão da mesa dos pobres, fedem as macas imundas e nelas gemem os doentes nos corredores dos hospitais públicos. O sobrepreço dos contratos é a sobreprova de uma administração viciada.
Vicejam os conchavos, multiplicam-se os aditivos, promove-se a ineptocracia, esburacam-se as estradas, emburrecem-se os estudantes. E o mosquito, que ora a senhora chama de virus zica ou de aedis egipci, divide com a senhora o protagonismo da falta de planejamento e de saneamento básico. Enquanto isso, toma viagem internacional com centenas de aspones... 

Ministros e líderes fazem do cinismo ato de contrição. Mentem tão naturalmente que parece sinceridade.

O Estado desvanece-se, impõe-nos tributos além da nossa capacidade contributiva, asfixia-se a economia, a inflação de dois dígitos responde 'presente!' na hora da chamada, coonestam-se áulicos sabidamente comprometidos com malfeitos de todos os matizes. 

Enquanto esse cenário de horrores se desenrola aqui embaixo, a senhora, qual libélula desvairada em busca de popularidade leva a sua arrogância a passear de helicóptero nesses brasis, e, presumindo-se uma segunda Ângela Merkel, pavoneia-se nas elevadas latitudes, nas quais desembarca de nau a jato oficial. Deslumbra-se! E deita falação inconsistente. Ensina que o caminho mais curto entre dois pontos não é a linha reta porque a Terra é curva! Os jornalistas estrangeiros entreolham-se estarrecidos e os brasileiros encolhem-se nas cadeiras. 

Ledo engano. A Bulgária e a Alemanha, em comum, só têm o Danúbio.
Em busca de um reconhecimento meramente protocolar entre líderes mundiais, não se dá conta de que não passa de mequetrefe. As mesuras de que é alvo, fora e dentro do país, são meramente protocolares. O seu erro consiste em tomá-las como deferência ao conteúdo Dilma, quando não passam de reconhecimento diplomático devido ao continente Brasil. 

Dilma você não diz coisa com coisa, simplesmente tiririca e tiriricando envergonha o deputado homônimo. Ele faz graça, você promove a desgraça! Desde quando a elevação de juros acelera as trocas comerciais e promove a arrecadação de tributos essenciais à oxigenação do doente Brasil? Em vez de tomar aulas de economia com Fidel Castro, Evo Morales e Maduro, porque você não se aconselha com o Arminio Fraga?  

Ele explicou que o besteirol econômico-financeiro começou "lá atrás", com a mão pesada do estado agindo sem critério, a ponto de, abandonando as metas de superávit primário, optar por cavar um buraco. "A dívida entrou numa trajetória de crescimento galopante", concluiu Armínio.  

Dilma, sobra-lhe prontuário, falta-lhe biografia.

Acha-se, falta-lhe espelho.
Defende-se do que não é acusada, indigna-se com moinhos de vento, o seu Rocinante padece com o peso do delírio. 
  
Ilude-se com os bobos da corte, sócios do butim.

Tem em alguns dos seus achegados Chalaças redivivos. 

Edulcora a subestimação de que, por demérito, se faz merecedora.

Faz ouvidos de mercadora ao grito das legiões.

Perdeu o respeito do povo, superou com louvor a meta da mediocridade e dobrou-a, fez de Pasadena o passaporte para a dúvida.

O Vice teme ser processado por abandono de incapaz.

Não tem mais jeito.

Como a senhora mesmo disse, a pasta de dentes não volta para dentro do dentifrício...

Talvez devido ao estado de equívoco que lhe é imanente, não lhe sobre tempo para perceber que presidir a Nação não é a sua praia. Você é atrapalhada! 

Faça um esforço.

Enche o pulmão de minuano  --se não tiver manda vir do Sul-- vento estocado oxigenará a sua cabeça oca.

Abandone o Planalto, dê adeus ao Alvorada.

Despeça-se dos diabinhos vermelhos que lhe atormentam.

Fique em paz com a cristandade, desembarque da nau dos insensatos.

Sem afeto,

31 de março de 2016
Lúcio Wandeck – cidadão brasileiro – 82 anos – descrente dos palacianos de alto coturno e dos esbirros – membro da Comissão Interclubes Militares

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