"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

OPERAÇÃO LAVA JATO ENFIM COMEÇA A CHEGAR EM SÉRGIO GABRIELLI



 Sérgio Gabrielli chefiava o esquema de corrupção

















A Operação Acarajé, da Polícia Federal, mira em Armando Trípodi – emblemático personagem da Lava Jato citado no capítulo que envolveu o então presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (morto em 2014) em suposta chantagem de R$ 10 milhões para engavetar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobrás, em 2009. Esse dinheiro, segundo revelou o delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal petrolífera, teria sido usado para abastecer a campanha tucana de 2010.
Trípodi teria dado sinal verde para Paulo Roberto levantar recursos desviados da estatal e fazer o repasse a Guerra. Na época, ele exercia a função de chefe de gabinete do presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli. Na segunda-feira passada, 22, a PF deflagrou a Acarajé e a Petrobrás demitiu Trípodi da função de gerente executivo de Responsabilidade Social.
O documento da PF aponta ‘indícios do oferecimento e efetivo pagamento de vantagem indevida (por parte de Zwi Skornicki) em favor de Armando Trípodi’. O relatório assinala expressamente que o ex-chefe de Gabinete de Gabrielli recebeu propina ‘consubstanciada no pagamento da execução de serviços na residência do funcionário público por empresa especializada, sem aparente causa lícita e justificável’.
CUSTO DOS SERVIÇOS
Os investigadores da Acarajé descobriram anotações pelas quais ‘constata-se que o custo total dos serviços – que envolviam a instalação de aparelhos áudio-visuais, de iluminação e de automação –, com o preço dos equipamentos, totalizaria R$ 90 mil (R$74 mil + R$ 16 mil)’.
“Chama a atenção a anotação de que a nota fiscal da execução do projeto deveria ser emitida em nome do “Sr. Armando”, isto é, em nome de Armando Trípodi, muito embora Zwi Skornicki tivesse arcado com parte das despesas sem justificativa lícita e razoável.”
O relatório relembra a primeira citação a Trípodi, na delação premiada de Paulo Roberto Costa. Em agosto de 2014, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás relatou que em 2009 foi procurado pelo então presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, que teria exigido R$ 10 milhões para abafar a Comissão Parlamentar de Inquérito que havia sido instalada para apurar irregularidades nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A obra era um dos sete alvos suspeitos na Petrobrás que justificaram a abertura da comissão, em julho daquele ano.
Foi a primeira vez que um nome do PSDB apareceu no escândalo de corrupção na Petrobrás. Sérgio Guerra teria sugerido a Paulo Roberto que ‘tivesse uma conversa’ com Armando Trípodi.
CAMPANHA DO PSDB
O delator Costa afirmou que o tucano relatou a ele que o dinheiro abasteceria as campanhas do PSDB em 2010. Naquele ano, o presidente do partido foi o coordenador oficial da campanha presidencial do candidato José Serra. Integrantes da campanha informaram que o ex-senador não fez parte do comitê financeiro.
“Não se pode deixar de destacar que a própria Petrobrás, em auditoria interna, apontou o nome de Armando Trípodi como um dos funcionários com indícios de cometimento de irregularidades no âmbito da estatal”, assinalou o delegado da PF Filipe Hille Pace.
A defesa de Trípodi não foi localizada para falar sobre a Operação Acarajé. Quando seu nome foi citado no episódio sobre o suposto repasse de R$ 10 milhões para a campanha do PSDB, ele divulgou nota na qual repudiou ‘com indignação e veemência quaisquer insinuações ou afirmações caluniosas que procurem vincular meu nome a práticas criminosas’.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Chegando no chefe de gabinete, por óbvio, chega-se também no ex-presidente Sérgio Gabrielli, que discretamente chefiava o esquema da corrupção institucionalizada na Petrobras. Como diz o juiz Sérgio Moro, é só seguir o caminho do dinheiro. (C.N)

25 de fevereiro de 2016
Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Estadão

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