"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

DILMA E TEMER UNEM-SE CONTRA ANULAÇÃO DAS ELEIÇÕES PELO TSE



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Charge de Kleer (jornal A Tribuna, do Acre)
O repórter Igor Gadelha, edição de terça-feira de O Estado de São Paulo, revelou que a presidente Dilma Rousseff e o vice Michel Temer resolveram se unir contra a anulação das eleições de 2014, objeto de ações do PSDB em apreciação pelo Tribunal Superior Eleitoral. Tanto assim que escolheram os mesmos advogados para defendê-los no processo. Com essa convergência, Igor Gadelha deixa nítido que o vice-presidente recuou da posição que havia assumido de apoiar, através da famosa carta, ou do silêncio, a tentativa de o Congresso Nacional vir a decretar o impedimento da presidente da República.
O interesse comum, no caso, como é lógico, prevaleceu. Mas não só este aspecto. Michel Temer sentiu igualmente que o tempo e os acontecimentos políticos esvaziaram a tentativa, frustrando seus principais autores, a começar pelo deputado Eduardo Cunha. Isso de um lado. De outro, o recuo decorre parcialmente da divisão que envolve o PSDB, autor da ação singular na história do Brasil. A corrente de Aécio na anulação do pleito. A de José Serra no impeachment, com a posse de Michel Temer no Planalto. A de Geraldo Alckmin não se consegue perceber bem qual seja. Mas o governador de São Paulo parece preferir o calendário até o desfecho nas urnas de 2018.
Os advogados foram escolhidos em comum. Flávio Caetano, do PT, e Gustavo Guedes, chefiando uma equipe indicada por Michel Temer. Os argumentos têm que ser apresentados em sintonia, já que ambos foram eleitos em conjunto a partir do pleito de 2010, reeleitos igualmente em 2014. Não há como separar as responsabilidades pelo recebimento de doações financeiras para as duas campanhas. As doações têm origem, é claro, em negociações nebulosas, como sempre, pois nenhuma empresa ou executivo vai fornecer doações por ideologias, sem perspectiva de algo em troca.
AMOR À LEGENDA?
Doar por amor às legendas não existe, da mesma forma que em reflexo do entusiasmo que as candidaturas despertariam. Tanto assim que grandes empresas, como a Odebrecht e Andrade Gutierrez, para ficarmos apenas nesses dois destaques, destinaram volumes de recursos praticamente iguais, no segundo turno tanto a Dilma quanto a Aécio Neves.
O páreo, afinal de contas, estava duro, e, por via das dúvidas agiram como se inspirados na peça do italiano Goldoni, “Arlequim de Dois Patrões”. Essa peça foi representada no final da década de 50, no Rio, com Paulo Autran no papel principal. Mas esta é outra questão. Irônica, sem dúvida.
Mas o ponto essencial é que as doações convergem para um sentido mais amplo de proteção, uma hipótese de seguro contra qualquer risco. Vença uma ou vença o outro, os empresários jogaram seus dados para escapar da dúvida e, fosse qual fosse o desfecho final das urnas, estariam bem na fotografia. Guiam-se pela pesquisas do Datafolha e do Ibope. Erguem dessa forma uma barreira contra o risco.
FONTES DE DOAÇÃO
Diante de todo esse quadro realista do universo político, as fontes das doações são comuns, não havendo como separar os aportes vindos indiretamente da Petrobrás das demais usinas do poder econômico. Como chegar a uma conclusão? Como dividir as origens? Só perguntando aos intermediários. Eles estão vindo à tona. Mas não são suficientes para esclarecer. Pois os volumes doados são várias vezes maiores do que os declarados ao TSE. Doações não geram recibos. Todos sabem disso. Não é segredo para ninguém.
Michel Temer recuou a tempo. Caso contrário poderia perder o comando do PMDB. Este é um novo enigma em sua carreira, por sinal também enigmática.

18 de janeiro de 2016
Pedro do Coutto  

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