"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

LOBISTA DO PMDB DIZ TER MANDADO US$ 1 MILHÃO PARA CUNHA




O empresário João Augusto Rezende Henriques, apontado como lobista do PMDB na área Internacional da Petrobrás, declarou ao juiz federal Sérgio Moro nesta sexta-feira, 30, que transferiu ‘um milhão e pouco de dólares’ para uma conta no exterior do deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da Câmara.
Henriques foi interrogado como réu na ação penal em que também é acusado o ex-diretor de área Internacional da Petrobrás Jorge Zelada. Ao todo, o PMDB teria recebido, segundo a denúncia US$ 10 milhões em propinas, referente ao contrato de construção do navio-sonda Titanium Explores da Petrobrás com a empresa americana Vantage Drilling, em 2009.
O lobista afirmou que fez a remessa do valor para uma conta que pensava pertencer a um filho do ex-deputado Fernando Diniz (PMDB/MG) – o parlamentar, que já morreu, era amigo de Henriques e o ajudou em um grande negócio de interesse da Petrobrás em Benin, na África.
DIÁLOGO COM O JUIZ
“O que é essa história dessa transferência para o sr. Eduardo Cunha?”, perguntou o juiz Moro.
“Foi o que eu falei, eu queria pagar o filho do Fernando Diniz, que já tinha morrido, e a conta que ele tinha me dado eu soube depois que era do Eduardo Cunha”, respondeu João Henriques.
“E quanto que foi essa transferência?”, continuou o juiz da Lava Jato.
“Foi um milhão e pouco.”
“De dólares?”
“É”
“Quando foi, aproximadamente?”
“Em 2012, 2013, por aí. Não tenho mais ou menos a data.”
O juiz Moro quis saber do lobista do PMDB se ele fez transferências de dinheiro para outros agentes políticos. “Não, fiz para pessoas que trabalharam comigo.”
“Algum empregado da Petrobrás?”, perguntou Sérgio Moro.
“Não, nenhum empregado da Petrobrás.”
PROPINA DO PMDB
A Procuradoria da República afirma na denúncia contra Zelada e Henriques que o lobista repassou para o PMDB parte da propina relativa à contratação do navio sonda Titanium Explorer.
“Nunca fiz para o partido, não tinha razão de fazer pro partido”, disse ele, que também afirmou que não repassou valores para Zelada e nem para Eduardo Musa, ex-gerente da estatal petrolífera.
O deputado Eduardo Cunha negou recebimento de propinas no esquema Petrobrás. O PMDB reafirma que nunca autorizou ninguém a arrecadar recursos ilícitos para a legenda.
Nesta denúncia, a força-tarefa apurou que Hsin Chi Su, executivo da empresa chinesa TMT, e Hamylton Padilha, lobista que atuava na Petrobrás, repassaram aproximadamente US$ 31 milhões a título de propina para Zelada (diretor Internacional da Petrobrás entre 2008 e 2012), para Eduardo Musa e para o PMDB, responsável pela indicação e manutenção destes em seus respectivos cargos.

02 de novembro de 2015
Ricardo Brandt, Mateus Coutinho e Fausto Macedo
Estadão

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