"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 17 de outubro de 2015

MORTE DE USTRA, TORTURADOR E ASSASSINO, CONSAGRA A IMPUNIDADE



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Ustra dizia apenas cumprir ordens, ao torturar e matar

A morte do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, aos 83 anos, consagra a impunidade no Brasil. Na condição de major do Exército Brasileiro, Ustra comandou de 1970 a 1974 o Destacamento de Operações de Informações do II Exército, em São Paulo.
O DOI chefiado por Ustra (não confundir com Codi) foi o principal centro urbano dedicado a tortura, morte e desaparecimento de oposicionistas durante a ditadura que vigorou de 1964 a 1985.
Ninguém torturou e matou tanto quanto a turma do DOI de Ustra. Lá os agentes do Estado, violando até as leis da ditadura, cometiam toda sorte de barbaridades contra presos políticos, incluindo o estupro de moças e o empalamento de moços.
DEPOIMENTOS E PROVAS
Há incontáveis depoimentos e provas de que Ustra não só ordenou como participou de sessões de tortura.
O DOI era um campo de concentração tipicamente nazista.
Se não matava seres humanos em câmaras de gás, tirava-lhes a vida com tamanha violência que fragmentos do cérebro ficavam grudados às paredes.
IMPUNIDADE
A morte de Ustra é uma triste notícia para as consciências democráticas. Porque o comandante de campo de concentração escapou de ser punido pela Justiça.
Ainda chegará o dia em que o Brasil, em passo civilizatório, não eternizará a impunidade dos autores de crimes imprescritíveis, de abusos contra a humanidade.
Ustra, contudo, não estará mais aqui para ser julgado e condenado.O coronel retrata a impunidade maldita que estimula novas gerações a repetirem o que de mais terrível foi feito pelas do passado.
É como o nazista matador que escapou dos tribunais. O torturador e assassino, covarde a soldo do Estado, foi embora sem pagar pelo que fez. Triste Brasil.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Este artigo de Mário Magalhães, jornalista e historiador, foi enviado por Sergio Caldieri. Ustra era mesmo uma besta-fera, um criminoso covarde que manchou a farda verde-oliva. Para escondê-lo quando a tortura acabou, o governo militar o nomeou para trabalhar no exterior. Mas foi reconhecido pela atriz Bete Mendes, que por ele havia sido torturada no DOI de São Paulo. Sua impunidade é ultrajante e mancha também a Justiça brasileira. Tortura é crime contra a humanidade, não pode ter o privilégio da anistia. (C.N.)

17 de outubro de 2015
Mário Magalhães

NOTA AO PÉ DO TEXTO
Ouça a Rádio Vox, o pronunciamento do escritor Heitor de Paola (O GENERAL DO FORO DE SÃO PAULO), postdo neste blog. Que se faça uma reflexão em torno de temas que envolvam acusações sobre tortura e torturadores no movimento de 1964 e que se relacionam com a tal comissão da verdade.
m.americo

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