"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 18 de julho de 2015

CHEFE DA EDITORA ENVOLVIDA TENTA TIRAR A CULPA DE VACCARI



Defender Vaccari é uma espécie de missão impossível
O coordenador-geral da Editora Gráfica Atitude, Paulo Roberto Salvador, afirmou em depoimento à Justiça Federal que os pagamentos do empresário Augusto Mendonça, delator da Operação Lava Jato, à editora não foram para veiculação de propaganda, mas para patrocinar “jornalismo pago” com a publicação de reportagens de interesse do setor do petróleo.
Segundo a delação premiada de Mendonça, os repasses de R$ 2,4 milhões de suas empresas à editora ligada ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foram usados para quitar o pagamento de propina à diretoria de Serviços da Petrobras, cujo operador, segundo o Ministério Público Federal, era Vaccari. Mendonça disse que procurou a editora após pedido de Vaccari.
O depoimento de Salvador foi dado em uma das ações penais contra Vaccari na Operação Lava Jato. Ele foi arrolado como testemunha de defesa do ex-tesoureiro. A editora pertence a sindicatos próximos ao PT.
SEM PRESTAÇÃO DE CONTAS
O coordenador da editora afirmou que não houve intermediação de Vaccari para os dois contratos firmados com as empresas de Mendonça. Disse, porém, que não foram veiculadas publicidades de suas empresas e que tampouco houve prestação de contas dos contratos.
Segundo Salvador, Mendonça procurou a editora para que ela fizesse matérias favoráveis ao setor do petróleo na publicação “Revista do Brasil” e no site “Rede Brasil Atual”. Por isso, segundo ele, foram feitos os contratos. “Não tinha cabimento fazer um anúncio, um quadradinho que falasse ‘conheça minha empresa'”, afirmou Salvador.
O representante da editora afirmou que conheceu Augusto Mendonça durante um evento em Brasília, que se apresentou a ele na ocasião e, posteriormente, pediu uma reunião para tratar do assunto. “Ele [Augusto] falou pra mim que [a revista] era único veículo que fazia defesa bastante clara desse segmento [do petróleo]”, afirmou o depoente para justificar os investimentos obtidos.
‘JORNALISMO PAGO’
Salvador admitiu, porém, que os contratos com Mendonça foram o único caso de “jornalismo pago” até hoje com a Editora Gráfica Atitude. “Essa foi a primeira experiência que nós tivemos. Esses dois [contratos] foram os únicos”, afirmou.
De acordo com o representante da editora, os serviços foram efetivamente prestados com a publicação de cerca de 30 matérias específicas sobre o assunto de interesse do empresário. Segundo ele, não constavam nas matérias que as reportagens eram “conteúdo patrocinado”.
Sobre a ausência de prestação de contas, afirmou que foram dispensadas por Augusto Mendonça. “No primeiro rascunho do contrato, constava uma coisa praxe de prestar contas, que era enviar, tirar fotografia e tal. Depois, quando eu informei que tudo seria publicado no portal web, o senhor Augusto mesmo falou ‘nós controlaremos pelo portal web, não precisamos de papel, de colocar pessoas pra ficar vendo’. Depois fui informado pela secretária Carla que foi pedido [por Augusto Mendonça] um conjunto de revistas e que havia sido encaminhado”, declarou Paulo Salvador.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Tudo conversa fiada. Ao contrário do que diz este “editor”, não existe “jornalismo pago”. O que existe é “matéria paga”, com centimetragem fixa, texto e títulos enviados ou aprovados pelo cliente, e a reportagem paga sai sob a rubrica “informe publicitário”. (C.N.)

18 de julho de 2015
Deu na Folha

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