"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

VENEZUELA - GOVERNO MADURO APODRECEU

Foi um estrondoso sucesso a visita frustrada a presos políticos venezuelanos da comitiva de oito senadores brasileiros liderada por Aécio Neves (PSDB-MG).

Para a oposição daqui e de lá, nem por encomenda poderia ter sido melhor. Desembarque retardado. Van cercada de manifestantes agressivos. Estradas interditadas. Terminal aéreo sem luz.

A oposição daqui deixou o governo de Dilma numa saia justa. O que fazer? Calar-se? Ou protestar contra o tratamento conferido aos senadores?

No fim da noite, depois de muitas horas de meditação, o Itamaraty emitiu nota onde diz que “são inaceitáveis atos hostis de manifestantes contra parlamentares brasileiros”.

- À luz das tradicionais relações de amizade entre os dois países, o Governo solicitará ao Governo venezuelano, pelos canais diplomáticos, os devidos esclarecimentos sobre o ocorrido – acrescentou a nota.

Se Maduro, o presidente que sucedeu a Hugo Chávez, não se comportasse como o déspota que é, a visita teria merecido uma notícia de pé de página em nossos jornais. E não teria repercutido na imprensa internacional.

Há 15 dias, Felipe Gonzalez, ex-primeiro ministro socialista da Espanha, visitou Caracas e não foi hostilizado. Ficou por lá dois dias, advogando em favor dos presos. Voltará a Caracas em breve.

Na próxima semana, será a vez de uma comitiva do Parlamento Europeu. Duvido que seja maltratada como foi a brasileira.

A verdade é que o mundo está de olho na democracia em ruínas na Venezuela. E não só na democracia.

O modelo econômico venezuelano está falido. A inflação disparou. Produtos básicos escasseiam nos supermercados. E as filas se multiplicam. A imprensa é censurada.

Maduro foi um capacho sem talento de Chávez. Que à beira da morte, o ungiu como sucessor. Vive à sombra do mito Chávez. E visita o túmulo de Chávez com frequência. Diz que conversa com o espírito dele. Sério.

A Venezuela padece de dois males. Primeiro: o que costuma atingir grandes produtores de petróleo. Segundo: o que corrói por dentro todo o regime que se fantasia de democrata.

País produtor de petróleo é tentado a acreditar que a riqueza decorrente do petróleo é inesgotável. E que, portanto, é permitido gastar sem limites. Chávez gastou. Maduro gasta. Por aqui, Dilma também gastou.

Democracia de mentira não resiste à pressão natural dos que pensam viver em uma democracia. E dos que cobram uma democracia de verdade. Mais dia, menos dia, cai sua máscara.

No caso da Venezuela, a máscara caiu. E só governos ideologicamente afinados com o governo Maduro, como o brasileiro, fingem não enxergar isso.

Ou pior: de fato não enxergam.



19 de junho de 2015
Ricardo Noblat

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