"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 20 de junho de 2015

EBULIÇÃO NA PRAÇA DOS TRÊS PODERES

Vão de mal a pior as relações entre o palácio do Planalto e o Congresso. Será derrubado o veto da presidente Dilma ao projeto que extinguiu o fator previdenciário, assim como será desfigurada ou rejeitada a medida provisória que mudou o regime das aposentadorias. Os presidentes da Câmara e do Senado tem suas divergências no varejo mas concordam no atacado: acima de tudo, preservar a independência do Legislativo.

Eduardo Cunha e Renan Calheiros andam com os nervos à flor da pele por conta dos inquéritos abertos contra eles no Supremo Tribunal Federal em função da Operação Lava-Jato. Correm o risco de ser denunciados e submetidos a julgamento. Ninguém lhes tira da cabeça estar o governo por trás dessa operação desenvolvida pelo procurador-geral da República, em vias de ser reconduzido para mais um mandato.

Os pedaços da reforma política que a Câmara aprovou serão apreciados pelo Senado e servirão para irritar o Executivo. Há quem pense na extinção das medidas provisórias, assim como não foi abandonada a proposta de subordinação de dirigentes de empresas públicas ao crivo do Legislativo.
Em suma, há ebulição na Praça dos Três Poderes. 
O vice-presidente Michel Temer esforça-se para recompor as relações mas vem sendo sabotado pelo chefe da Casa Civil e por líderes do PT, 
enciumados com suas atribuições de coordenador político. Aloísio Mercadante conta com o apoio da presidente Dilma e a má vontade do ex-presidente Lula. E do PMDB, certamente.

No fundo desse mal-estar repousam as queixas generalizadas dos partidos da base do governo, com exceção do PT, é claro, diante da demora nas nomeações para cargos de segundo escalão da administração federal. A Casa Civil dificulta a publicação no Diário Oficial de escolhas já sacramentadas pelo vice-presidente, sendo que a equipe econômica também atrapalha, em nome da contenção financeira. Deputados e senado
res, assim, reagem como podem.
GOVERNADORES, ADEUS...
Houve tempo em que nada se resolvia em matéria de política sem a palavra dos governadores. Nem todos, é claro, mas especialmente os dos estados mais importantes, influíam no governo e no Congresso. Eram chefes partidários e opinavam sobre as principais questões políticas e econômicas. Esse tempo passou. Ganha uma passagem aérea só de ida à Venezuela quem citar governadores de influência nacional. A safra é lamentável em termos de participação dos chefes dos executivos estaduais. Alguns poderão até ser bons administradores, mas politicamente, nada.

Essa constatação se faz por conta da longínqua sucessão presidencial. Qual o governador que desponta como possível candidato? Nenhum. Haverá tempo para reviravoltas, mas do jeito que estão as coisas parece que não vai dar...



20 de junho de 2015
Carlos Chagas

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