"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 20 de junho de 2015

A ODEBRECHT E O DESMONTE DO ESTADO CLIENTELISTA

Com a nova fase da Operação Lava Jato que atingiu Marcelo Odebrecht (Odebrecht) e Otavio Azevedo (Andrade Gutierrez) na manhã, vão para cadeia os chefes de duas das grandes empresas brasileiras que gozavam da intimidade do Palácio do Planalto.

Odebrecht fazia parte do restrito grupo de empresários que a presidente Dilma costumava ouvir sobre os rumos do país. O ex-presidente Lula tinha conhecida proximidade com essas empresas e com o ex-chefe da OAS, que também foi preso, José Aldemário Pinheiro.

Essas empreiteiras estiveram presentes nos projetos de infraestrutura e nas obras das estatais, foram apoiadas pelas embaixadas brasileiras no exterior, e se tornaram grandes financiadoras de campanhas eleitorais.

Ainda precisa ficar comprovada a culpa desses executivos no cartel que tomou de assalto os cofres da Petrobras. Em tese, não há nada de errado na parceira entre Estado e empresas para construir infraestrutura ou exportar mais. O problema é que, sem a supervisão adequada, essas relações podem se tornar promíscuas facilmente.

O que a prisão desses executivos demonstra é que está em curso um desmonte do Estado clientelista no Brasil. Grandes empresas sempre tentaram se aproximar dos poderosos de turno, mas, nos últimos anos, essa tendência se exacerbou, porque o Estado se tornou o grande indutor do desenvolvimento da economia.

"Os empresários sentiam que não podiam ficar distantes dessa rede de relações sob pena de perder muito dinheiro", diz Sérgio Lazzarini, professor do Insper e autor do livro "Capitalismo de Laços".

Agora, felizmente, isso começa a mudar. O Estado não tem mais espaço fiscal para distribuir benesses e o fortalecimento dos órgãos de controle coloca essas relações sobre forte escrutínio.

No curto prazo, investigar empresas como Odebrecht, Andrade, Petrobras e outras terá forte impacto para os investimentos em uma economia que já está em recessão. Mas, no médio e longo prazo, representa um saudável amadurecimento institucional do país.


20 de junho de 2015
Raquel Landim

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