"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

TOLOS, INGÊNUOS E ILUDIDOS

RIO DE JANEIRO - "Ano após ano, campeonato após campeonato", afirmou a procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, "eles corromperam o futebol mundial para servir a seus interesses pessoais e enriquecer"
A frase escancarou a realidade do mundo da bola.

A megaoperação contra a cúpula do futebol mundial ter sido levada adiante por autoridades dos EUA, país em que é esporte de segunda categoria, torna-a surpreendente e ainda mais relevante.

A pedido, a Polícia Federal realizou no Brasil buscas em empresas de executivos ligados ao futebol. Antes tarde do que nunca, porque os esquemas parecem se perpetuar na CBF, independentemente do cartola da vez. Denúncias já levaram a CPIs e investigações de resultados inexpressivos.

Presidente da CBF por mais de 20 anos, Ricardo Teixeira foi muitas vezes alvo, mas só caiu após a Suíça revelar que ganhou R$ 26,5 milhões de propina da ISL, principal parceira da Fifa por mais de uma década.

A riqueza de Teixeira cresceu com a mesma facilidade com que a grama se espalha. O repórter Sérgio Rangel revelou nesta Folha que o ex-cartola pagou mais de R$ 20 milhões (US$ 7,4 milhões) por casa de sete quartos e oito banheiros em luxuoso condomínio de Miami. Operações nebulosas com imóveis se destacam entre as lideranças do futebol no país.

Resta esperar os desdobramentos, aqui e lá fora, das investigações sobre os espertalhões. Em 2014, o escritor inglês Nick Hornby escreveu artigo em que dizia: "O cheiro do dinheiro em torno desta Copa do Mundo é mais desagradável e mais perturbador do que jamais foi". Questionava se era possível admirar um esporte cujos administradores, jogadores e dirigentes parecem ter sido levados à loucura pelas recompensas financeiras que ele oferece. Dizia suspeitar que, aos torcedores do futebol, cabia o papel de tolos, ingênuos e iludidos da história, limitados a aplaudir.

29 de maio de 2015
Paulo Cesarino Costa

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