"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

POR UMA LAVA JATO NA CBF


BRASÍLIA - Depois do 7 a 1 para a Alemanha, o Brasil levou uma nova goleada dos Estados Unidos e da Suíça. Os dois países, que nunca ganharam a Copa do Mundo, merecem uma medalha pela prisão de José Maria Marin. Talvez a encontrem no bolso do cartola, que já foi flagrado surrupiando premiações de jogadores.

A devassa na Fifa precisa ser o pontapé inicial de uma investigação séria dos desmandos no futebol brasileiro. É hora de deflagrar uma Lava Jato da bola, começando pelos negócios suspeitos da CBF e pelas obras bilionárias do Mundial de 2014.

A apuração não pode se restringir à triste figura de Marin, um viúvo da ditadura militar que ressurgiu das cinzas como boleiro. Ele é indissociável do antecessor, Ricardo Teixeira, e do sucessor, Marco Polo Del Nero.

Quando o novo escândalo estourou, a CBF soltou uma nota tentando se desvincular de Marin. Não convenceu nem Dona Lúcia, a velhinha que acreditava no Felipão. Além de batizar a sede da entidade, o cartola preso é seu atual primeiro vice-presidente e substituto imediato de Del Nero. O segundo é Fernando Sarney, filho de quem o sobrenome indica.

Por muitos anos, o discurso de que a CBF é privada foi usado para barrar a investigação de seus dribles na lei. A tese omite que a confederação se mantém intocável graças à proximidade com os políticos. Hoje sua diretoria abriga dois deputados, Marcelo Aro (PHS-MG) e Vicente Cândido (PT-SP), que tentam derrubar as medidas saneadoras da MP do Futebol.

O senador Romário (PSB-RJ) quer criar uma CPI sobre o novo escândalo. A ideia é oportuna, mas não deve substituir outras ações na esfera judicial. Como mostrou o FBI em Zurique, as coisas só vão mudar se a Polícia Federal e o Ministério Público também entrarem no jogo.

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A manobra para ressuscitar as doações privadas lembrou quem realmente manda na Câmara: as empresas que financiam as campanhas.

29 de maio de 2015
Bernardo Mello Franco

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