O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse que haverá motivo "extremamente forte" para um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff se ficar comprovado que o governo esperou o fim da eleição para processar uma empresa holandesa suspeita de pagar propina para fazer negócios com a Petrobras.
Como a Folha revelou ontem, a CGU (Controladoria-Geral da União) recebeu informações detalhadas sobre o assunto do ex-diretor da SBM Offshore Jonathan Taylor em agosto, durante a campanha eleitoral, mas só anunciou a abertura de processo contra a SBM em novembro, após a reeleição de Dilma. "É a utilização do Estado em busca de um projeto de poder. Certamente é um motivo extremamente forte [para o pedido de impeachment]", disse Aécio nesta terça (14).
A declaração do tucano, que preside o PSDB e foi derrotado por Dilma nas eleições de 2014, representa uma mudança no tom que ele vinha adotando para tratar do tema. O senador evitava defender publicamente a abertura de um processo para investigar a presidente, mas vem sendo pressionado pelo PSDB a aderir à principal bandeira dos grupos que organizaram as manifestações populares contra o governo em 15 de março e neste domingo (12).
Em reunião com deputados do PSDB nesta terça, Aécio ouviu da bancada a defesa do impeachment de Dilma. No fim do encontro, disse que faria uma "provocação" aos colegas de partido e perguntou quais eram a favor de investigações contra a presidente. Todos levantaram as mãos em apoio ao pedido.
Aécio também recebeu nesta terça, pela primeira vez, representantes do movimento Vem para a Rua, um dos grupos que lideraram os protestos contra Dilma. Os manifestantes entregaram a Aécio convite para um ato público nesta quarta (15) na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Representantes dos movimentos contrários ao governo pretendem divulgar durante o ato público um documento com reivindicações ao Congresso, entre elas a aprovação de uma reforma política. Aécio confirmou que o PSDB pediu ao jurista Miguel Reale um estudo das denúncias que já surgiram contra Dilma para verificar se há elementos para o impeachment. "Não é ainda a posição do PSDB, mas temos a obrigação de avaliar todas as alternativas", disse Aécio. O senador afirmou que impeachment não é "palavra proibida ou golpe", mas "constitucional".
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta terça não ver "motivos" para a abertura de processo de impeachment contra Dilma. O peemedebista sinalizou que deve rejeitar os 23 pedidos de investigação que foram apresentados à Câmara até agora. Cabe ao presidente da Casa aceitar um pedido de impeachment e encaminhá-lo para a apreciação do plenário.
Para que o presidente da República seja afastado e um processo contra ele seja aberto, é necessário o apoio de 342 dos 513 deputados, ou dois terços do plenário. O julgamento é feito pelo Senado.
Em entrevista a blogueiros alinhados com o governo, Dilma disse nesta terça que o país saiu da eleição presidencial "com muita gente no terceiro turno", mas afirmou que o cenário deve melhorar."Que tipo de crise política nós temos? Saímos da eleição com muita gente no terceiro turno. [...] Vamos fazer 13 anos de governo e quem não está [no governo] reage dessa forma", afirmou a presidente, segundo trecho publicado pelo site "Jornal GGN".
15 de abril de 2015
in coroneLeaks
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