O deputado Eduardo Cunha tem certeza de estar o PT por trás das sucessivas manifestações contra seus pronunciamentos, sempre que chega a alguma capital estadual para desenvolver o programa da Câmara Itinerante. Trata-se, para ele, de uma baderna organizada, trocando-se apenas os personagens, sempre jovens que ocupam as galerias das Assembléias Legislativas. É esse o troco dado pelos companheiros depois que se viram alijados de cargos na mesa da Câmara, em fevereiro. Não há sinais de que os protestos venham a se interromper, como também não se cogita de paralisar as viagens aos estados.
Poderia o novo coordenador político do governo, Michel Temer, dar um jeito na situação? Dificilmente, pois também conta com a má vontade do PT. Sua função maior é de pacificar o PMDB, mas dificilmente impedirá as escaramuças legislativas de Eduardo Cunha contra a presidente Dilma Rousseff. Está previsto para a primeira semana de maio um esforço concentrado da Câmara para votação da reforma política, quando poderão ser aprovados projetos contrários aos interesses do PT e do governo. Como ficará Michel Temer, colocado entre o seu partido e a presidente da República? Será seu primeiro desafio.
MESMO ERRO DE SEMPRE
Certas maldades costumam vir em ondas, como o mar. Uma delas acaba de dar na praia, em função da crise econômica. Volta-se a pregar que para sairmos do sufoco será necessário aumentar impostos e reduzir direitos sociais. Nas últimas décadas vimos Roberto Campos e Fernando Henrique Cardoso digitarem a mesma tecla agora acionada pela dupla Dilma Rousseff-Joaquim Levy. Só que mais impostos significa menos consumo, enquanto menos investimentos sociais, mais pobreza. Resumindo: escolhe-se outra vez o caminho errado. Descapitalizado, o empresário não contrata e até demite. Desempregado, o trabalhador deixa de comprar o mínimo necessário, enfraquecendo o mercado. Como o governo não interrompe a gastança, perde-se o dinheiro de mais impostos sem a contrapartida de sua aplicação racional.
15 de abril de 2015
Carlos Chages
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