"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 9 de março de 2015

UMA TENDÊNCIA CADA VEZ MAIS FORTE É A PERDA DE PRIVACIDADE




Certo, a perda de privacidade é muitas vezes oferecida pelas próprias vítimas, desculpem, usuários, cada vez mais deslumbrados com a exposição. No entanto, surgem indícios de que o roubo velado de informações já está instalado no espaço virtual. 
O Google, por exemplo. Consultado por dez entre dez internautas, não passa, segundo Julian Assange, de um negócio cujo objetivo é coletar informação privada. 

De acordo com ele, “pelo menos 80% dos smartphones são controlados pelo Google, que grava as localidades, contatos, e-mails, o que pesquisaram. Essas informações são integradas com outras, coletadas no Gmail e no Youtube, para construir um perfil do usuário(…) 
Não é só uma empresa de tecnologia. É a segunda maior companhia dos Estados Unidos, com conexões com o Departamento de Estado, trabalhando com projetos de inteligência nos últimos 12 anos”.

Não passam despercebidos os casos patológicos de exposição na rede. Os “inocentes” selfies deram no seguinte. Um adolescente da Pensilvânia confessou ter matado a tiros um colega de escola. A prova do crime ? Ele tirou um selfie ao lado do corpo e enviou por um Selfie 2aplicativo. A descrição que a polícia fez da foto é intrigante. O jovem assassino aparece ao lado de sua vítima, que está sentada numa cadeira com um tiro no rosto.

BIZARRICES

A solidão, que, me atrevo a concluir, é a grande doença deste início de século, fertiliza outras bizarrices. Surgiu no mercado o aplicativo Wakie, que permite aos imbecis que o utilizam despertar qualquer desconhecido, em qualquer parte do mundo. Caramba, quem é o doente que quer virar despertador na casa de um estranho? Já surgiu um derivativo. 

É o projeto 20 Day Stranger. A ideia é fazer duas pessoas que não se conhecem compartilharem suas vidas por 20 dias, sob completo anonimato. Deve haver mercado para esses absurdos. 

A introspecção, a procura árdua por intimidade real e os vazios existenciais são excentricidades na cabeça torta de programadores, que projetam estes arremedos de voyeurismo e relacionamentos de fancaria. Gotas de ilusão para extinguir a fogueira das paixões humanas.

Por fim, mas não menos importante, um alerta do meu guru Marcelo Gleiser. Em artigo na Folha de São Paulo, ele pergunta: o que será da mente se máquinas pensarem? 
A possível junção do humano com a máquina, conhecida como transhumanismo, já é estudada por cientistas e filósofos.

Não se trata apenas da extensão do corpo que já representam celulares, tabletes e computadores, mas da inserção de mecanismos dentro do corpo, da fusão homem-máquina. Mais assustador: seremos capazes de simular pensamentos e emoções em máquinas, e, neste caso, de que forma nos relacionaremos com elas? Ridículo? Nem tanto, meus caros, nem tanto. 
A coisa já existe, mesmo que em pequena e primitiva escala. Máquinas já conseguem “aprender” a reconhecer e a manipular utensílios de cozinha através de vídeos no Youtube.

ROBÔ CAPAZ DE APRENDER

A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa, dos Estados Unidos, tem um projeto para desenvolver um robô capaz de aprender de forma autônoma e enriquecer sua base de conhecimento assistindo a vídeos de demonstração. 

Claro que estamos num estágio inicial desta malha complexa de situações. No entanto, alguns cientistas já se perguntam se não chegará o momento em que a própria existência da espécie humana não estará ameaçada, caso estas inteligências “superiores” concluam que somos desnecessários. 
A imagem de Hal, o supercomputador do clássico 2001: uma odisseia no espaço, é o espectro que ronda o futuro.

A evolução geológica do rio Congo trouxe consequências para uma população de chimpanzés. Ao longo de séculos, uma parte destes símios foi separada de outra, os bonobos, pelas águas do rio. Os bonobos, conhecidos como símios hippies, não precisaram competir com outra espécie para conseguir alimentos. 
O resultado é que são dóceis, vegetarianos. Já seus confrades chimpanzés, 
forçados a lutar com gorilas para conseguir alimentos, tornaram-se, aos poucos, arredios, violentos, carnívoros. Em determinado momento, essas características se inscreveram em seu DNA. Hoje, mesmo com a escassa população de gorilas na região, os chimpanzés não voltam atrás.

Será esse o nosso destino? O uso excessivo de polegares provocará mutações, aumentando seu tamanho, atrofiando vizinhos e fazendo a alegria dos fisioterapeutas? 
A solidão se tornará um bem escasso, sintetizada em cápsulas, negociada no mercado negro e cultivada em sociedades secretas? O relacionamento “presencial” será rigidamente controlado por computadores espiões?

(artigo enviado por Mário Assis)

09 de março de 2015
Jacques Gruman

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